quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Carta Aberta aos Barros e a Todos Que Atacam o Bolsa Família

Motivação.
Como paranaense, como brasileiro e, principalmente, como ser humano, senti a necessidade de escrever um pouco sobre o assunto trazido à pauta pelos  Barros – uma família de políticos profissionais de matriz maringaense (PR).
Se trata de um ataque ao Bolsa Família, programa de assistência social do governo brasileiro que conta com 13,9 milhões de famílias beneficiadas.
Um, deputado federal Ricardo Barros (PP), quer tirar 10 bilhões do programa; outra, deputada estadual Maria Victoria B. Barros e filha do primeiro, defende o pai em uma coluna, repetindo o eterno jargão do "ensinar a pescar, e não dar o peixe", e que pode ser lida aqui.

Ricardo Barros. 
Cida Borguetti, Ricardo Barros e a filha Maria Victoria.
Não posso deixar de apontar que Ricardo Barros – como tanto vemos no Brasil atual – é um político que responde a alguma investigação por corrupção. Existe até mesmo uma gravação comprometedora no Youtube sobre licitações com sua própria voz ressoando em nossos ouvidos indignados (veja aqui e aqui). Recentemente, ele votou a favor de Eduardo Cunha no Conselho de Ética – político este com fatos que o habilitam ao vergonhoso posto de "maior corrupto da história republicana". Faço estas colocações como desabafo e desmérito da ação partindo de um político com tal condição egóica, mas não pretendo fazer, absolutamente, uma argumentação ad hominem. Pretendo ser – ao mesmo tempo – pragmático, libertário e humano. 
Este político profissional, RB, deseja agora subtrair do mundialmente reconhecido programa muito dinheiro e, consequentemente, pessoas.

Ensinar a pescar? Crescer para depois distribuir?
Na miséria e na fome não se pesca, se rasteja no chão e se fica preso nas malhas escuras da ignorância, e esta condição é perpetuada em cada filho nascido no seio do abandono pela sociedade e pelo estado. Já foi dado a cota do "ensinar a pescar" e "crescer  para depois distribuir"; chega de –década após década, século após século – ouvir as mesmas promessas para, depois, nada ser feito – e todos sabemos: nunca será feito se este caminho continuar sendo trilhado.

A armadilha da pobreza.
O abandono à própria sorte constrói uma armadilha que se reproduz de geração para geração. A pobreza traz a falta de nutrição e o consequente subdesenvolvimento cognitivo, a consumição pessoal no trabalho estafante para "malemá" se conseguir trazer comida para a mesa, e a revolta de ser miserável em um país rico. Como uma pessoa presa nesta vil armadilha pode escapar e crescer?
Não sem ajuda! Para quebrar este circo vicioso, é necessário uma ação afirmativa dos governos.
É um preço mínimo que se deve pagar e, se pensarmos bem, é um direito e seguro para todos os brasileiros: se pelas peripécias do destino um dia você, Maria Victoria, ficar na miséria, terá o direito a essa quantia e não morrerá de fome. Poderá comer arroz e feijão, e não as sobras do lixo. Ah sim, deixa eu te falar: não pareceu saber, mas esse valor não é a fortuna que você, espetacularmente, parece insinuar em seu texto...

Crianças.
O programa Bolsa Família mantém 36 milhões de pessoas fora da linha da extrema pobreza. Quero fixar algo: nunca, NUNCA se esqueçam que milhões dessas pessoas são crianças, seres humanos frágeis em plena formação intelectual, emocional e física. Elas são inocentes CRIANÇAS, ressalto novamente! Se o programa evitar a dor da fome de apenas UMA criança nesta terra plena de fartura, para mim já terá valido a pena.

O empoderamento das mulheres e o caso do sertão.
Sabe-se que as mulheres são as titulares de 93% dos cartões do Bolsa Família, o que está ajudando a romper a cultura da resignação de mulheres frente aos companheiros. Sabia, Maria Victoria, que segundo um estudo da socióloga Walquiria Leão Rego, era terrível a condição de uma infinidade de mulheres no Sertão Nordestino? Para elas sempre foi assim: sem dinheiro, sob o jugo do marido "provedor" e machista, dos inúmeros filhos e da fraqueza da fome e miséria, da obscuridade da falta de instrução, completamente perdidas na caatinga isolada. O Bolsa Família teve um efeito empoderador para estas mulheres, libertando-as do jugo destes homens opressores até onde o pouco dinheiro do programa pode libertar.
Você que é mulher, pode entender como pode ser terrível uma vida de prisão marital? Gostaria de ter esta condição para você ou para as mulheres de sua família? É capaz de entender o bem que esta mísera quantia fez para estas sofridas mulheres presas no sertão seco e pobre?
O que um "ensinar a pescar" poderia ajudar estas mulheres?

Bolsa Família: uma ampla e barata vacina!
O Bolsa Família melhorou a alimentação das famílias e reduziu em mais de 50% a morte infantil por diarreia e desnutrição. Não se esqueçam, Barros todos, que o programa é condicionado: as crianças devem ir à escola, garantindo que 17 milhões de estudantes tenham sua vida escolar acompanhada. As crianças estão ficando mais altas, inteligentes e com boa auto-estima. É como uma vacina multivalente que deve ser aplicada às mais fracas das gentes, reverberando como um inteligente, econômico e humano INVESTIMENTO no futuro do Brasil!

Os flagelados da seca.
Houveram muitas secas marcantes na história nordestina e, nas décadas passadas, ouvíamos periodicamente nos noticiários da TV notícias sobre os "flagelados da seca". Uma seca que ocorreu no período de 1979 a 1984 era, na época, a mais longa e abrangente da história documentada do Sertão onde, segundo dados da Sudene, se registrou  um número inacreditável de mortos: 3,5 milhões de pessoas – especialmente crianças! – devido não só à fome e à sede agudas, mas também à doenças advindas da desnutrição. Repito: 3 MILHÕES E QUINHENTAS MIL PESSOAS MORTAS DE FOME E SEDE!
Hoje, passamos por uma seca pior do que aquela e não se houve mais falar dos tais flagelados, devido única e exclusivamente aos amplos programas governamentais. É um milagre brasileiro que faria Betinho sorrir emocionado.
Sabem quem foi Betinho, senhores e senhoras Barros?

Economia.
Com o Bolsa Família, o dinheiro repassado estimula a economia dos municípios, gerando um circulo virtuoso de trabalho e renda para outras pessoas sendo que, neste jogo, cada 1 real investido retorna 1,78 reais para a economia. Ele ajuda a manter aquelas milhões de pessoas na ponta da pobreza como membros ativos economicamente e move um desejo de crescer cada vez mais. Já pensaram no valor disso, mesmo num contexto de economia de mercado?

As pessoas e seus direitos, a sociedade sectária-depredatória e o Basic Income.
Os seres humanos nascem na terra, e todos tem direitos: direito à vida, à liberdade; direito à uma vida plena e com o mínimo para sobreviver. Mas a sociedade – como está constituída – retiram dos marginalizados estes direitos e o quinhão que lhes cabe deste mundo; não permitem mais a eles adentrar na floresta e se alimentar do que o planeta oferece, como consegue fazer qualquer animal livre. Cercam as propriedades e as belezas naturais e dizem que ninguém pode entrar, depredam o mundo e exaurem suas riquezas.
Mas ninguém é, verdadeiramente, dono da terra! Todos nós – animais humanos e animais inumanos –temos direitos como terráqueos que somos. Assim, é natural e justo que parte da riqueza seja, sim, distribuída entre todos os habitantes deste belo planeta, incondicionalmente, somente pelo fato de ser um cidadão da Terra.
O mundo começa a se aperceber disso e caminha para o Basic Income, a Renda Básica que, se vocês não sabem, é uma quantia para ser paga em dinheiro a cada cidadão vivo. No Brasil, a lei n° 10.835/2004 (do Senador Eduardo Suplicy) institui a Renda Básica de Cidadania e foi aprovada pelo senado e sancionada pelo Presidente da República em 2004, devendo ser aplicada de forma gradual começando pelos mais necessitados, como uma perfeita evolução do Bolsa Família.
Isto deveria ter acontecido há muito tempo, mas a lei não foi cumprida. Apesar destes fatos, o que os Barros fazem? Tencionam retirar uma das únicas medidas que foram efetivamente feitas desde o descobrimento do Brasil para sanar as imensas e seculares injustiças da sociedade brasileira.
Querem destruir aquilo que amenizou nossa vergonha perante o mundo e o Transcendente, como se desejassem outras milhões de crianças mortas de fome e sede, vistas no Brasil das décadas passadas.
É isso que desejam para a infância do Brasil, caros membros da família Barros e outros bolsa-atacantes?

A conta prejuízos.
Sabe-se que nada é perfeito. Uma empresa tem a conta "prejuízos" pois falhas ocorrerão, acarretando um respectivo custo. Até na religião é assim: hipócritas, pedófilos e ladrões existem nela em certo grau, mas nem por isso pensa-se em acabar com as religiões. Se a corrupção existe, o que se deve fazer é combatê-la o máximo possível e tentar banir os maus. Da mesma forma, muitos beneficiários e intermediários dos programas assistenciais farão coisas erradas, mas como tudo neste mundo, deve-se tentar melhorar, e não acabar com tudo.
Se transpormos esta posição assumida por vocês a todas as esferas, a sociedade humana acaba.

Bolsa Família no Mundo.
Você acha que somente o Brasil tem programas deste tipo, Victoria e Ricardo? Alemanha, Estados Unidos, França Inglaterra e muitos outros grandes países deste mundo colocam valores nas mãos dos pobres que ficaria faria de você uma moça enormemente surpresa e portadora de vergonha ao encher a boca para falar dos míseros dos 70 reais do programa brasileiro. Pesquise e verá com os próprios olhos.

Custo.
Dividindo o custo total do programa para cada brasileiro, quanto sai proporcionalmente do seu bolso, do seu pai e de sua mãe ao ano, jovem deputada? Pago-lhes uma cerveja com este valor se, mesquinhamente, sentem alguma revolta por esse dinheiro que lhe é "subtraído".

Se eu pudesse... 
Daria a todos os que julgam e condenam os pobres beneficiários do Bolsa Família – não como castigo, mas como necessário remédio amargo pró-empatia:
- Uma semana de fome;
- Uma sequência constante e infindável de perda de direitos e de condições de sair da armadilha da pobreza;
- Um silencioso e mesquinho abandono dos governos enquanto as misérias sociais consomem a você e aos seus;
- A dor de não poder alimentar a quem ama.
Assim, entenderiam pela via da realidade sentida a importância primordial – acima de todo argumento – de um país sem fome. Só assim, talvez, pudessem entender – porque o melhor remédio e escola é viver a realidade do que, sem pensar, se clama, e também sentir a dor do outro que se desdenha.

Questão final:
Do barro da terra se converte a criatividade humana em coisas úteis.
E dos Barros – entidades políticas e humanas–, o que virá?
Sua Vitória é subtrair avanços e devolver pobreza, cara Maria?

EdiVal
16/12/2015


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

PROMÉCIO, O POLÍTICO CLAUDICANTE

Os que, investidos de um cargo público, se utilizam dessa condição para obter benesses para si ou para outros  amealhando riquezas, facilidades e favores  são adequadamente denominados CORRUPTOS. Eles praticam a prevaricação, a usurpação, o nepotismo, a extorsão, o peculato, o patrimonialismo, usam e abusam do "jeitinho" ou constroem uma sofisticada máfia corruptora.

Não, não é de agora que eles mostram a cara: desde a época do descobrimento do Brasil estes cidadãos se servem de sua posição para obter algum tipo de benefício para si, multiplicando a miséria e espalhando uma vida indigna pelo resto da Nação.

Naquela época primordial, diz-se que o escrivão de Cabral (Pero Vaz de Caminha) já chegou pedindo emprego para seu genro, o que seria o primeiro caso de nepotismo em terras de Santa Cruz.

Esta sórdida realidade, a bem da verdade, não é privilégio do Brasil, ocorrendo em todas as eras e lugares; contudo, pelos desdobramentos históricos a corrupção aqui sempre foi grande e veladamente aceita  quiçá admirada  com muitos SONHANDO em pegar um quinhão deste bolo.

Aceita a realidade acima, em primeiro lugar ela não deve ser utilizada como justificativa amenizadora, conformista ou (hetero ou auto)condescendente. Ouve-se, nestes casos: "todo mundo age assim", "prometeu-me um cargo", "rouba mas faz"...

Estes e aqueles  políticos e servidores , para alcançar a "oportunidade" do cargo público, alardeiam para o mundo integridade, honradez, servir e prometem eficiente uso do dinheiro público em retribuição à "confiança outorgada", mas são todas mentiras e promessas manipuladoras.

Daí nascem os PROMÉCIOS.

Alcançada a almejada posição, só pensam em si e em manter eternamente, a qualquer custo, o poder adquirido.
São estas posturas, todas, identicamente falhas, coxas, mancas.

Daí nascem os servidores CLAUDICANTES.

(Claudicar é um verbo que significa mancar, coxear, fraquejar, cair em erro ou falta  um termo ameno para os modos de ação aqui descritos,)

Por outro lado, CLÁUDIO (aproveitando o trocadilho e o exemplo) é o aeroporto inacreditavelmente construído em terras de parentes por um famoso político  tão debatido nos fóruns da Internet, mas negligenciado pela imprensa e pela justiça. É o perfeito exemplo do que trata este texto e que, por suas características, eu chamo de ""Desvio" de Obras Públicas" e coloco como uma "faceta negligenciada da corrupção no Brasil".

Da história pessoal deste mesmo político (Aécio Neves  pronto, falei) obtêm-se concessões de rádios, favores aos poderosos (estrada na fazenda dos Marinhos, viagens de "famosos" em aviões públicos, entre outros), e até mesmo outro aeroporto controverso.
É o protótipo do político tipo "Promécio Claudicante".
Outro exemplo que está pondo o Brasil em polvorosa é Eduardo Cunha. Coxeando impunemente à décadas, coloca o país em frangalhos por seus interesses egoístas e vis.

Promécios são, então, estes que se servem do poder, sugam tudo que podem, retiram o leite dos inocentes, a água da terra seca. Eles mancam e se arrastam pelas falhas do sistema, claudicam freneticamente sem medo de cair, pois a cama é muito macia, e os claudicadores amparam uns aos outros em todas as esferas de poder.

Claudicantes, desta maneira, são os que agiram como se vê na Petrobrás, no cartel nos trens (o "trensalão tucano") e no TRT (ambos de São Paulo), e no gigantesco escândalo do Banestado. São os anões do orçamento, os portadores do dinheiro na cueca, os vampiros da saúde... E assim a lista caminha, Ad infinitum, na Terra Brasilis.

Nossa culpa é vergonhosa porque, mesmo explícita esta verdade desde sempre, nós (o povo) nunca a trouxemos para a esfera do real, da combatividade não-seletiva, da indignação consciente e proativa.

Está na hora de colocar obstáculos para os que claudicam, retirar os corrimões e serrar as bengalas, pois no presente espaço tempo neste "aqui e agora" – somos nós que sofremos e é a nós que cabe, exclusivamente, o necessário esforço para mudar este sofrível status quo.

E isto deve começar por mim e você, caro leitor, não nos corrompendo nem deixando corromper, seja nas grandes ou pequenas coisas, em qualquer lugar, e fazendo nossa parte para mudar lá em cima também.

Aproveitemos o momento para revolucionar a nós e ao Brasil.
Banamos e ofereçamos bananas listradas aos promécios e aos que claudicam vergonhosamente.

É de baixo para cima que acontecem as grandes e pacíficas revoluções!

Edival
07/12/2015

Atualização de final de ano:
Aécio (Promécio), o político do aeroporto de Cláudio (Claudicante), foi citado por receber R$300.000 de propina.
Provavelmente não é esta a maior mancada deste político manco, mas pelo menos é algo que  sabendo ele ser deste tipo  nos lava a alma e enche de esperança nesta virada de 2015 para 2016.
Que sejam banidos da vida pública todos os Promécios, os que claudicam e contribuem para a miséria de nosso povo! (derradeiros dias de dezembro de 2015)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O "Efeito Alckmico" Pode Melhorar a Educação?

A alquimia era uma prática muito difundida na idade média, e buscava encontrar a pedra filosofal – uma substância transcendental que teria muitos poderes, como o de transformar metais inferiores em ouro, trazer a vida eterna e a cura de todos os males.

Já nos dias atuais, Terra Brasilis, o governo de São Paulo publicou um decreto que autoriza a implementação da reorganização escolar, que prevê a divisão das escolas por ciclos únicos e que resultará no fechamento de 92 escolas ou mais, e no remanejamento de cerca de 311 mil alunos.

Não vou discutir aqui a validade ou ineficácia desta medida, porque pode ser que não resida aí o maior problema: a grande questão é que não houve NENHUMA consulta às comunidades afetadas, vindo na forma de uma medida basicamente autoritária, isto é, de cima para baixo.

Aí aconteceu o primeiro e mais bonito ato dessa controversa questão: por iniciativa própria, os alunos se rebelaram e se uniram para defender SUAS escolas, ocupando-as. No momento, são quase duzentas unidades escolares tomadas pelos estudantes no estado de São Paulo.

O segundo ato veio do governo estadual que, como reação a esta ocupação, está protagonizando cenas horrendas de policiais reprimindo os atos dos alunos com violência. Vemos cenas de policial arrastando os estudantes, jogando bombas, levando preso, entre outras, o que gerou ainda mais união dos alunos.

O que Alckmin ignora (ou não aprecia) é que um ponto comum às escolas públicas que se destacam no Brasil é o fato delas serem referências muito fortes para a comunidade. Ignora também a dificuldade de envolver os alunos, de fazer com que encarem a escola como algo precioso para eles, e o fato de que não é os tratando como coisas que melhorará a educação.

Então me veio a esperança daquilo que denominei "Efeito Alckmico"(**): e se esta luta, de repente, levar os estudantes de São Paulo a encarar a escola como um lugar a que pertencem? Fazer colapsar, finalmente, a visão da escola como uma conquista, um direito, e um dever? Como um templo sagrado que abre as portas do futuro?

Efeito Alckmico.
E se, ainda, o efeito se espalhar pelo Brasil?

Oxalá isto aconteça em toda a Nação: O entendimento pelos jovens brasileiros de que a escola onde estuda é um local seu e que deve ser protegido a todo custo!

Isto sim, seria algo inesquecível de se ver, verdadeira Pedra Filosofal fazendo milagres na educação brasileira.

EdiVal
03/12/2015

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**Juntando Geraldo Alckmin e Beto Richa, o efeito poderia ser denominado "PSDB". Digo isso sem ideologia política, apenas causa e efeito pelo que fizeram, e cujos frutos amargos cabe somente a eles fazer a colheita e comer.

Olhem o que eles produziram este ano:

Beto Richa (PSDB) contra professores no início de 2015:

Geraldo Alckmin (PSDB) contra alunos no final de 2015:


Respondam, por favor: PSDB, você é contra a educação?
Posicionem-se! Abracem a Educação! Eu espero que vocês, como toda a Política brasileira, o faça.
O futuro do Brasil precisa de vocês também!
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O outro efeito da "Alckmia":
SEXTA-FEIRA, 4 DE DEZEMBRO DE 2015


Popularidade de Alckmin atinge
a pior marca, aponta Datafolha


Em meio a escolas ocupadas e crise hídrica, pesquisa aponta que 28% dos eleitores paulistas aprovam o governo tucano; um ano atrás, eram 48 %.

domingo, 15 de novembro de 2015

O (Novo) Amargo Gosto do Rio Doce

Adeus Rio de Doce sabor,
Parque Estadual do Rio Doce
Antes, tanta alegria acolhida,
Em tantas prosas e versos cantado.

Hoje, 660 Km de fétida e dilacerante dor,
Derramada em toda lembrança ali construída,
E no abundante alimento desde sempre ofertado.

Soterraram em monótono tom todos os sonhos e toda cor,
De tanta gente que ali viveu ou será nascida,
Por um irresponsabilidade de grande crime culpado.

Adeus grande amor...
Agora desprovido de qualquer vida,
Pelo pus marrom injetado na veia em que corria, somente, o líquido sagrado.

(Será assim o fim de toda beleza e o começo da saudade?)

Adeus Rio amado!
Sufocado no lodo derramado.

Adeus Rio Doce!
Doce que tanto queríamos que ainda fosse.

Lama,
Não devia ser derramada sobre quem tanto ama.

Adeus grande e doce amor.
Adeus...


EdiVal
15/11/2015

terça-feira, 14 de julho de 2015

Repúdio Total aos Linchamentos

Nos últimos tempos, uma onda de linchamentos estampa as manchetes dos jornais brasileiros, como se fosse uma "modinha" banal destes novos tempos. Além disso, outros países como a Argentina já vem sofrendo com esta triste e ameaçadora realidade.

E para que estes fatos ocorram parece não existir a necessidade de certeza: a maioria dos agressores tem sua convicção de culpa e necessidade de punir geradas a partir dos relatos enlouquecidos dos que já estavam lá. É uma multidão enraivecida e que vai aumentando devido à curiosidade, excitada com a saída da rotina, repetindo e amplificando os boatos sem saber de onde se originaram, e muito menos da veracidade dos mesmos.

Nas discussões sobre estes acontecimentos, imputa-se tamanha fúria popular à sensação generalizada de impunidade somado ao aumento da violência. É possível, mas pode-se enxergar nestes atos, claramente, a momentânea exteriorização dos demônios de cada um!


A visão é mesmo algo infernal: nos vídeos que circulavam pela Internet, vê-se inacreditáveis, incontroláveis e incontidos murros e chutes, pedras, paus e até capacetes descendo violentamente sobre o corpo, que vai se avermelhando e deformando, desvanecendo e ressuscitando, desferidos por mãos, pés e instrumentos que surgem e desaparecem nas imagens como se não tivessem donos, em uma impessoalidade assombrosa, até a perda completa da consciência ou, em muitos casos, da vida do agredido.

E assim, a cada novo membro "indignado" que se soma à multidão, expressando um ódio que não se espera de pessoas comuns, um demônio de violência vai crescendo em um auto-alimentado acontecimento. É um novo perigo que se soma aos existentes, onde todos nós, nossos filhos, nossos pais e amigos, correm o risco de – num evento inimaginável como no caso relatado a seguir – ser vítima inocente deste tipo de atrocidade.

5 de maio de 2014: nesta data esta nova e obscura realidade desceu de maneira contundente sobre nós brasileiros, explícito nas manchetes dos jornais na forma da morte de uma mulher espancada por moradores do município de Guarujá, acusada do sequestro de crianças para práticas de magia negra (ressuscita-se, assim, a caça às bruxas!). 
A prova de sua culpa? Uma foto publicada em um site de uma "suspeita" que se assemelhava a ela.
Somente isso! Como se uma desculpa para o início da barbárie fosse o único fator necessário, e tudo está justificado desde que se inicie o ato: um verdadeiro festim diabólico!

A mulher era uma dona de casa de apenas 33 anos, se chamava Fabiane Maria de Jesus, e tinha duas filhas pequenas.  E era inocente.

Inocente!

Diante de tamanha atrocidade, a sociedade precisa urgentemente se conscientizar de que, mesmo para os "culpados", o sistema legal de justiça – que é falho mas fundamental para o mundo como conhecemos funcionar minimamente – deve sempre prevalecer.
A justiça não pode implicar em infligir sofrimento e morte, senão é barbárie.
A vingança não é um direito, é um desequilíbrio emocional.

Quanto aos participantes dos atos como o relatado acima, não sejamos condescendentes nem superficiais: o fato é que as mãos dos executores dos linchamentos – e até mesmo dos incentivadores – ficam indelevelmente e inexoravelmente manchadas de sangue, e isto é válido mesmo que o acusado seja culpado do crime de que é acusado. Este fato já tem um peso sobre a vida, a história pessoal e tudo que possa ser considerado sagrado e bonito na vida de cada uma destas pessoas que se reuniram para cometer este ato de inconsequente violência.

E o sangue nas mãos destas pessoas no caso acima exposto não é de qualquer um: é a de um inocente, de uma mãe de família. Dores eternas foram infingidas às pessoas próximas à Fabiane, pessoas em que foram abertas feridas que nunca serão curadas. Um marido sem sua mulher, duas filhas sem sua mãe, parentes e amigos sem Fabiane e todos remoendo a dor da injustiça e de imaginar o terrível sofrimento e terror que o ente amado passou ao ser desintegrado física e psicologicamente por uma coletividade fora de si. 

Não há como amenizar o ato e aplacar a consciência. Ao agir pelos impulsos, ao seguir a multidão, ao responder aos comandos de ódio, ao materializar atos de violência extrema, riscos e responsabilidades foram assumidos: todos se tornaram criminosos, todos se tornaram assassinos. 
Em um ato desta natureza não existem amenizantes: todos se tornam sempre piores do que aquele que acusam. 

E o que fazer? Linchá-los também? Não abramos esta CAIXA DE PANDORA!

Um basta tem de acontecer! Ao ser humano não é dado o direito de matar ou mesmo ferir seu semelhante, seja em que circunstâncias forem, exceptuando-se um ato de defesa. 
Quem nos dá o direito de julgar e condenar à danos físicos, sofrimento e morte quem quer que seja, tenha culpa do que é acusado ou não? Um amontoado de pessoas enfurecidas e alimentadas por cada vez mais desvinculados da verdade boatos, gerados pelos murmurinho dos ensandecidos?  

Não é possível imaginar como uma pessoa, num dia que até aquele momento era apenas mais um na vida corrida,  possa querer participar de algo com tamanho peso. É uma monstruosidade e a banalização da selvageria, a degradação da humanidade e um passo atrás no custoso processo civilizatório dos povos, construído com muito custo ao longo de milênios.

Significará sempre o fim da humanidade e o recomeço da barbárie.

Devemos todos nos envergonhar de tais fatos, e como cidadães da terra e membros da espécie humana, mostrar nossa preocupação e indignação.

A observação diária nos dá indicações de que a maior parte das pessoas que compõem nossa e qualquer sociedade da terra são fundamentalmente pacíficas e não concordam com tais atos, sentindo – mesmo que não consigam colocar em palavras – como se algo estivesse muito errado!
Essas pessoas devem levantar sua voz, pressionando para que as autoridades tomem providências. A escalada de violência – ainda mais vinda de pessoas comuns – tem de ser interrompida!
Temos de nos encontrar novamente como seres humanos.

Que um alto e claro "REPÚDIO TOTAL AOS LINCHAMENTOS" seja dado pela sociedade brasileira e de qualquer país que esteja passando por tais aterrorizantes fatos.

É isto, ou construiremos um mundo de terror que não vale a pena viver. 

 EdiVal
05/05/2014 

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domingo, 5 de julho de 2015

Dias de Um Futuro Esquecido – Versão Brasileira.

O Início de Tudo

Esta é uma carta-relato aberta ao povo brasileiro, e tem por objetivo tornar público um episódio inacreditável e revelador que aconteceu com este que vos fala. É também, por seu teor, um aviso, uma tentativa de mudar o que está por vir no mundo e especialmente em nosso amado País. Pode ser encarada como um vislumbre de um futuro possível, se assim o leitor desejar.

De antemão, já sei que será difícil acreditarem em minhas palavras, mas não posso fugir ao dever. Este futuro, na realidade, já começou, e está nos noticiários, nas ruas e na pele e mente de muitos brasileiros.

Eu começo trazendo uma questão: Como você, leitor deste texto, agiria se vivesse na Alemanha pré-nazista e, por um meio impensável (mas confiável), soubesse do futuro trágico que seria trazido por Adolf Hitler? Quais atitudes tomaria? Esqueceria tudo para continuar levando sua vida tranquila enquanto pode? Ou, de posse de uma informação de tal magnitude, tentaria mudar o futuro terrível que espera seu povo, sua Nação?

Nas linhas que seguem o leitor irá entender o porquê deste questionamento, não se preocupe. Aqui, nesta carta-relato, contarei a história de um evento inacreditável que, por ter o potencial de mudar o futuro, está transformando toda minha vida. O que ele me trouxe é meu sonho e meu pesadelo, minha vida e minha morte, é meu personagem principal na pré-tragédia desta Nação.

Deixe eu me apresentar brevemente: já fiz muito humor e hoje sou um apresentador de um programa de entrevistas em uma emissora de abrangência nacional. Fiz e faço muito sucesso, e há décadas sou uma celebridade nacional, mas sei que isso não me salvará...

Minha vida era muito boa mas, numa bela noite, recebi uma mensagem...

Sei que não irão acreditar em mim, e que, inexoravelmente, minha reputação será arruinada, minha credibilidade jogada ao chão, minha carreira destruída. Meu relato vai cheirar a fantasias de ficção científica, delírios de uma mente perturbada, mentiras de alguém que deseja desesperadamente chamar a atenção.  Mas quando algo é maior do que nós, sabemos que não temos opção.
Relutamos, negamos, sentimos raiva e nos perguntamos: "porque eu?".
Mas aqui estou, pronto para ser imolado, preparado para o sacrifício, conformado com meu destino.

Dos Atos

Já fiz algumas coisas dentro desta nova dinâmica pessoal, dando a partida da minha missão: emiti opiniões coerentes com minha nova visão, entrevistei personae non gratae e deixei muitas pessoas perplexas; mobilizei muito ódio e já estou colhendo alguns espinhos. Mas eu sabia que seria assim (aliás, achei que seria pior). Só não revelarei, ainda, meu nome. Deixo para fazê-lo em um outro momento do futuro, esperando que o medo não prevaleça ao dever e que eu não recue. Aqui, serei o Sr. Brás (como que me colocando como cidadão no modo coletivo deste belo País com que preciso falar).
Nesta carta despejarei tudo que me foi transmitido, sem titubeios, preservando somente mais um pouco minha identidade. Já sei o que devo fazer e de sua importância, e isso é o que me dá forças.
Mas não foi uma decisão fácil. Após o evento fatídico, ocorrido no ano passado, foi necessário todo um processo em cinco atos para que eu chegasse até o momento das revelações:
  • Primeiro Ato: ESTUPEFAÇÃO. Confesso que até me senti como um ser privilegiado, "o escolhido", e fui tomado pela excitação da revelação e de um sentido maior para minha existência. Me senti importante e eufórico! Mesmo assim, o medo começou a me tomar;
  • Segundo Ato: DEPRESSÃO. Me senti como um prisioneiro no corredor da morte. A noite negra da alma se instalou, e uma vergonha antecipada pela futura destruição da minha imagem tomou conta de meu ser. Fiquei doente, fui internado. Passei por um período de luto pela morte próxima da vida que vivi e que é como me reconheço. O medo aumentou e envolveu meu ser;
  • Terceiro Ato: REVOLTA. Sim, senti muita raiva, e numa destas noites bradei em desespero aos céus: "Pai, afasta de mim este cálice", consciente do sofrimento que me esperava se seguisse adiante com minha missão. A raiva se misturava com o medo e senti vontade de esquecer tal episódio, seguindo a vida que conheço e que não tinha motivos para mudar;
  • Quarto Ato: RESIGNAÇÃO. Comecei a me conformar com meu destino. Nesta etapa, lembrei-me dos maiores sacrifícios de grandes personagens da história da humanidade, suas lutas e seu legado – de Jesus a Betinho; assisti filmes cujo tema traziam o monomito, a jornada do herói – de Avatar a Matrix. Mas sei que nem me comparo com estes seres e sacrifícios citados. Minha perda não deverá implicar em riscos à vida ou sofrimentos físicos (apesar de já haver ameaças de morte). Passada a turbulência, minha vida terá todo conforto que o dinheiro e a modernidade proporciona, de qualquer forma. No máximo, serei condenado ao ostracismo.
  • Quinto Ato: DECISÃO. Finalmente decidi. Vou fazer o que deve ser feito, não fugirei ao destino que fui chamado. Não havia dúvidas. Eu era pura certeza e medo.
Quando a gente se vê diante de algo maior que nós mesmos, a mudança é inevitável. Reciclei opiniões pessoais, paradigmas e crenças, fiquei mais tolerante e humano. Percebi que o que apoiamos em vida altera o mundo e ressoa na eternidade. As mudanças de meu ser, expressos em meu discurso e programa, foram notadas. O que  jamais imaginariam é a causa de tal comportamento!
Agora percebo, no fundo de minha alma  temerosa, que a tolerância, o amor, a paz e a Justiça são as únicas qualidades que podem salvar este mundo e nosso país (para o qual parece ter sido reservado a pior das realidades).

Bom, chega destes maçantes preâmbulos introdutórios e vamos direto ao momento central daquilo que gosto de chamar, dramaticamente, de o "big bang" da minha vida:

Dos Fatos

Em um momento qualquer dos primeiros meses do ano passado, algo inesperado aconteceu...
Era noite. Estava em minha casa me preparando para me recolher após meu programa televisivo, cansado e com a capacidade de atenção muito baixa. Como é próprio da minha rotina, fazia um "pequeno lanchinho" antes de dormir (gordisses de todo dia...). Liguei a TV, e estava passando um filme leve, tipo "sessão da tarde". Sentei pra relaxar um pouco antes de deitar de vez e comecei a assisti-lo.
Lá fora, o tempo mudava e pela janela eu podia ver clarões de relâmpagos ao longe. Já meio sonolento, vi surgir pequenas distorções na tela da TV, que pensei ser divido ao mal tempo que se aproximava. Um leve chuviscar na forma de uma estática fina também dava as caras, além de um som que se aproxima do mantra "OM" tirado de um didgeridoo (instrumento de sopro dos aborígenes australiano) e conduzido em uma frequência muito grave e bela – primeiro em oscilações intermitentes, depois em uma constância rítmica perfeita de aproximadamente 1 segundo cada ciclo.
As distorções na projeção da tela foram formando linhas coloridas que espiralavam e ficavam mais escuras em direção ao centro.  À medida que as espirais se estabilizaram e desaceleravam seu lento e preciso giro, na parte central se formou uma região negra pelo escurecimento das linhas, e no centro desta região, um ponto muito brilhante que emanava uma luz muito clara e levemente azulada. O quadro era muito belo e misterioso.
Mas a maior surpresa estava por vir: ao estabilizar o ponto luminoso, foi que uma voz surgiu:

— o..ol...olá.. Olá!

A intensidade luminosa do ponto luminoso parecia seguir as oscilações do som emanado, como se dele saíssem as vibrações sonoras. Era uma voz algo metálica e masculina, mas bem clara e inteligível. Pensei: "será que está sintonizando uma frequência pirata?" Será um Rádio Amador ("Será que ainda existem radioamadores?" Duvidei)?" Mas o momento do primeiro grande assombro chegou:

—  Olá Senhor Brás!

Pulei da poltrona, assustado. O que seria? "Só pode ser piada", pensei. Mas nenhum dos meus amigos e parentes teria liberdade para uma brincadeira deste porte. Seria uma pegadinha? Peripécias de um fã arteiro?

—  Não se assuste Sr. Brás, Nós estamos utilizando este aparelho para nos comunicarmos com sua pessoa de um lugar muito, muito distante. Preciso lhe passar uma mensagem, um aviso. Nosso objetivo é trazer uma chance para o futuro do Brasil. Sim Sr. Brás, o futuro está em perigo, pelo menos um futuro que valha a pena para a maior parte da população...

—  Q..quem está falando? Que brincadeira é esta? — Respondi, bastante preocupado. O assombro faz com que minha mente viajasse por ideias que normalmente não passariam pela minha cabeça. Os pensamentos ferviam.

—  Eu sou de 2088. Falo do Brasil do futuro. Trabalho em um grande laboratório de física, e chegamos em um ponto do desenvolvimento tecnológico em que conseguimos fazer uma ponte com o passado. Não é possível enviar ou trazer matéria, somente ondas eletromagnéticas. No momento, só nosso grupo detêm a tecnologia total para tal procedimento, e por isso pudemos "sequestrar" seu aparelho de TV e estabelecer a comunicação. Contudo, o tempo que podemos ficar é limitado, pois o processo é altamente dispendioso em termos de energia e, além disso, estamos realizando uma ação irregular, pois nunca seria permitido fazer o que pretendemos. Logo depois desta comunicação, vamos destruir todos os dados e equipamentos e fugir, se conseguirmos.

—  Como me acharam? Porque seria eu "o escolhido"? — Questionei.

—  Acessando o sistema OWN, que é uma espécie de Google universal de nossa época, totalmente onipresente e invisível. Estamos todos conectados em nosso tempo, pessoas e coisas. OWN é também uma inteligência artificial. Mas certas coisas não mudam: existe uma gigantesca Deep Web e temos nossos hackers. Seus dados, e de todos desde que a Internet foi criada estão integralmente acessíveis. Nós somos um grupo secreto e lutamos de forma pacífica por um Brasil melhor. Não fomos exatamente nós que escolhemos você, pois seu perfil psicológico, junto com o de milhões, foi analisado em um ultracomputador quântico e você mostrou ser o indivíduo mais promissor dentro do que foi visto. Esta escolha não foge à uma lógica primária que qualquer um pode compreender, por várias razões: você tem acesso à imprensa e projeção nacional, se alinha com a oposição do momento e por isso terá mais impacto na missão que te daremos e, principalmente, parece ser bem intencionado, indicado pela análise de seu perfil psicológico. Não podemos enviar imagens, somente palavras faladas ou escritas, pois é pequeno o fluxo de dados que pode ser processado a cada instante. O tempo que temos é limitado, por isso não podemos conversar muito, e a única oportunidade é esta comunicação espaço-temporal específica, somente esta.

—  E o que seria tudo isso? — Perguntei, agora curioso com a pretensa brincadeira. Quanta criatividade!

—  Este ano, 2014, foi escolhido por ser o ano chave em que todo um processo de ódio e perseguição será iniciado – como que extraído dos subterrâneos da mente coletiva da Nação. Na verdade, será o ano em que o Estado Laico começará a ser atacado verdadeiramente, em que a elitocracia e a corporocracia começarão a mostrar suas garras e lançar seus tentáculos em todas as esferas sem nenhum pudor. Algumas figuras surgirão em breve, fazendo o papel similar ao de um Carlos Lacerda, "o Corvo" da época de Getúlio Vargas. O retrocesso que se verá será um processo ininterrupto que durará décadas, até chegar nesta realidade deprimente que nós, aqui, tentamos mudar.

—  Então, o que acontecerá a partir deste momento, e como saberei que é verdade?

—  Lhe daremos o máximo de detalhes possível dentro dos limites de tempo e estabilidade da conexão, e você terá as provas de que precisa para crer que esta mensagem, verdadeiramente, tem sua origem no futuro, ao ver tudo o que descreverei acontecer paulatinamente. Só lhe darei um detalhe específico para que, já na próxima semana, dê mais credibilidade à esta mensagem e não deixe apagar nenhum detalhe em sua memória: grave os termos Malaysia Airlines e MH370, atentando para a madrugada de 8 de março de 2014, no horário local. Não tente mudar nada além do necessário, esta é a regra.

—  Ok, continue, estou ouvindo. — Na verdade, neste momento eu estava um pouco mais tranquilo e também mais aberto, cada vez mais curioso. No mínimo, aquilo tudo era uma brincadeira de alto nível, pensei, intelectualmente excitado.

O Futuro Que Nos Espera

—  Neste ano de 2014, os dois eventos de maior magnitude determinarão toda dinâmica futura de nosso País: primeiro, a Copa do Mundo mostrará como as forças conservadoras agem: sem escrúpulos, se valendo da política da TERRA ARRASADA, montando um quadro de tragédia em uma campanha vil que montará um cenário sombrio que nem mesmo a mais criativa mente poderá imaginar, carregado de rios de contraposições, vaticínios gigantescamente catastróficos e vergonhas indescritíveis que, depois, todos verão que nada se concretizará – a não ser um fracasso vergonhoso da seleção, sinto informar. Poderia ser um aviso aos brasileiros sobre estes entes sombrios que tentam tomar o poder, mas o povo estará, todo tempo, apático. Depois virá as ELEIÇÕES presidenciais, onde os dois lados com chances de vitória protagonizarão uma polarização que amplificará ódios fascistas, especialmente porque seus adeptos perderão por muito pouco. Se verá ricos contra pobres, esquerda contra direita, PT versus PSDB, Sul contra Nordeste. Vozes preconceituosas se levantarão, ódios e saudades da tortura sairão às ruas, em uma reedição de 1964. A presidenta será atacada e xingada sem pudores e de maneira vergonhosa, e com o tempo o golpe virá, mas não exatamente como poderá imaginar. A corrupção atribuída ao outro e um absurdo discurso anti-comunista serão os mantras entoados ad infinitum e ad nauseam, e em cima disto a Democracia será violentada de todas as maneiras, de acordo com objetivos escusos.
Enquanto tudo isso se desenrola, o vácuo de poder será preenchido por "outros presidentes" e políticos comprometidos com seus financiadores de campanhas: as elitocracias e corporocracias financeiras e conservadoras; você verá, já iniciando em 2015, conquistas serem destruídas em golpes não combatidos; verá a infância ser roubada, os direitos terceirizados, as indústrias de armas conquistarem mercados através da política; verá depois, com o passar dos anos, o sistema de saúde e as as universidades públicas serem privatizadas e, com isso, todo brasileiro pagando fortunas para ter o mínimo em educação e saúde, se endividando de tal maneira a virarem uma espécie de escravos modernos. A concentração de renda, como é de se esperar, será intensificada a cada ano.
A polícia será, cada vez mais, truculento instrumento dos poderosos, e quando você ver acontecer um massacre de mestres em uma greve no estado do Paraná, saiba que será só uma amostra do que está por vir. Todo aquele que falar em liberdade e Justiça Social passará a ser perseguido e, até mesmo, linchado pelas ruas do País por intransigentes sectaristas cheios de razão e preconceito. Leis injustas, cada vez mais onipresentes e confusas, serão instrumentos de manutenção do poder auxiliados por um sistema judiciário mancomunado com o poder, em trocas de favores retroalimentados. O medo quebrará o espírito dos cidadãos, pois os fascistas  tomarão conta de todos os espaços. Anote: até o segundo semestre de 2015 você acreditará em mim.
No decorrer das décadas que seguirão, enquanto Estados Unidos, Rússia, China, Canadá e Países Escandinavos irão adotar um discurso e modo de governar mais pacífico e inclusivo, enquanto a Europa e a América do Sul regredirão neste sentido, indo em direção à extrema-direita. A questão religiosa também será destaque negativo, encabeçada pelos políticos evangélicos. Eles serão os mais inescrupulosos, hipócritas, elitocratas e autocomplacentes, liderando o pior por vir, atacando o estado laico sempre que possível. Mas saiba que tal modo de ação não ficará sem retorno, e o resultado a longo prazo será uma rejeição sem precedentes ao cristianismo, com duas correntes emergindo em seu lugar: o ateísmo e o islamismo. A experiência teocrática será breve e auto-implosiva.
No Brasil, a questão ecológica será deixada de lado em nome do lucro e da propriedade privada, cada vez mais concentrados. Muitos países farão sua parte, mas a a maioria não, incluso o nosso; isto trará graves consequências: a temperatura média do mundo aumentará 2,1° até 2080, e a sexta extinção em massa estará na sua fase mais intensa; além disto, a Amazônia agonizará devido às temperaturas maiores e ao desmatamento em nome do agronegócio, especialmente a pecuária. A faixa que abrange a região sudeste do Brasil, parte da região central e do sul virará praticamente um deserto, com a falta de chuvas chegando até a Argentina.A água utilizada terá de ser bombeada do mar e dessalinizada, apesar de transposições caríssimas. A guerra da água será uma realidade, especialmente no Sudeste e no Nordeste, e a decadência da agricultura trará uma escassez de alimentos sem precedentes. Como já acontece em sua época, será a agricultura familiar, só que mais urbana e como uma forma de resistência, que impedirá a catástrofe alimentar total.
O mundo acusará o Brasil, que se defenderá devolvendo mais acusações. Em 2077, haverá o chamado "verão da morte escaldante", com temperaturas atingindo até 54°C em determinadas regiões do planeta, e até hoje, 2088, muitas regiões ainda não se recuperaram. Com a derrocada da atividade agrícola e a altíssima concentração de renda, o Brasil morrerá aos poucos e, aparentemente, nada mais poderá ser feito. Para sobreviver, as pessoas comuns trabalharão por até 3 períodos, e todos os recursos  irão em moradia, alimentação, educação e um caríssimo e obrigatório plano universal de saúde. A taxa de natalidade cairá a praticamente zero, e o suicídio será a solução encontrada por muitos para sair desta vida infernal. A população está em declínio.
Eu poderia falar a noite toda fornecendo detalhes da situação que somos obrigados a vivenciar todos os dias de nossa vida miserável, mas o tempo está acabando, e precisamos encerrar a comunicação.
Enfim, esta é a realidade do mundo e de nosso país em 2088, e não resta mais esperanças em nossa época. Não sabemos o que pode mudar com a comunicação que foi feita, mas é um fio de esperança a que nos agarramos. Apenas isso.
Nosso mundo morre, e com ele nossos sonhos e esperanças. Leve esta mensagem a todos os brasileiros. Faça o que for preciso. — pediu em triste voz metálica.

Depois de uma respiração longa e profunda, meu compatriota do futuro ainda disse, em um misto de esperança e desespero:

— Salve o futuro de nosso País, Sr. Brás!

Apocalipse ou Ressurreição?

Neste momento, a comunicação entre épocas se desfez e o filme vazio voltou à se apresentar na telinha da TV, cujo tema, percebi então, também era de um futuro apocalíptico para o mundo, uma vida sem sonhos nem esperanças – bem clichê, mas altamente pertinente para o momento revelador que eu acabara de vivenciar.

Quanto a mim, não dormi aquela noite. Vi na semana seguinte o desaparecimento do voo da Malaysia Airlines, mas com o passar do tempo e o desenrolar dos acontecimentos não precisava mais desta prova, pois vi acontecer exatamente como foi descrito para aquele ano e para este que está em curso.
Não há como ter dúvidas da veracidade do que me aconteceu, e assim não há como fugir da responsabilidade que me foi imputada. Depois da mudança do meu discurso e da utilização de meu programa como canal de ação, faço destas linhas o terceiro ato nesta minha missão. Não sei do futuro, não sei como agir, mas não fugirei – como todo brasileiro – à luta que me foi entregue.
Contudo, neste momento, de uma coisa eu sei com toda certeza: somente o caminho da paz, da Justiça Social, da fraternidade e da tolerância valerá a pena e poderá mudar este mundo.
Quem diria que estava reservado algo tão transcendente para mim a esta altura de minha vida!

Para esta presente missiva, deixo apenas mais algumas palavras:
  • Brasileiros: Não se deixem contaminar pelo ódio e pela intolerância, e se lembrem sempre de que existe riqueza para todos neste Mundo, e mais ainda neste belo País;
  • Cristãos: Não misturem a vil política com a religião, e sigam sempre o preceito acima;
  • Seres humanos: Somos todos irmãos neste planeta, que é um só. Protejam-no a todo custo!
  • Irmãos da Terra e desta Nação: Mudemos o futuro que se desenha pois, caso contrário, pagaremos o preço de uma vida miserável e da inexorável extinção de nossa raça.

Que Deus nos ajude e Gaia nos perdoe!

"Sr. Brás"
05/07/2015


quarta-feira, 24 de junho de 2015

E Se os Ricos Pagassem (Apenas) Um Imposto Igual ao dos Pobres?

Este texto pretende lançar um olhar, rápido e pacificador, sobre a injusta tributação no Brasil, em um momento em que se discute o aumento dos impostos para a parcela mais abastada dos contribuintes brasileiros.
Brasil é um dos países onde o rico paga menos imposto.
A intenção aqui não é destrinchar a realidade tributária do Brasil, mas pensar um pouco em cima de dados sucintos e que, diga-se de passagem, são característicos de um sistema capitalista ligado no "modo selvagem", altamente concentrador de renda.

Pelo histórico brasileiro, quando se fala em aumento de impostos geralmente subtende-se que as pessoas da base da pirâmide pagarão o maior ônus. Diz-se que os mesmos não tem o poder de se defender de tais medidas, o que parece ser correto.

O fato é que, proporcionalmente, hoje os pobres seguem pagando mais impostos do que ricos no Brasil. Aqueles tem 32,8% dos seus rendimentos comprometidos com tributação, enquanto que para os 10% mais abastados, este índice é de 22,7%.

Outro ponto relevante é que o Brasil, apesar de ser um dos 30 países que mais cobram impostos no mundo, é o último colocado neste ranking quando se considera a qualidade dos serviços prestados à população.

É digno de nota, ainda, que o Imposto sobre Grandes Fortunas está previsto no artigo 153 da Constituição Federal (1988), mas falta, até hoje, regulamentação por lei complementar, sendo o único dos sete tributos federais previstos na Constituição que ainda não foi regulamentado. Porque não é surpresa?

Os que levantam a voz contra tentar fazer com que os ricos paguem mais impostos que os pobres, argumentam que fazê-lo seria um tiro no pé, por diversas razões: que este aumento acabará sendo repassado, que vai diminuir a atividade econômica, que as empresas vão embora do país, entre outros argumentos.

Contudo, com os dados apresentados observa-se uma situação tributária injusta e altamente promotora da pobreza em nosso País. Por isso, os que são favoráveis ao aumento são de opinião que isto permitiria reduzir a carga tributária sobre os salários, beneficiando sobremaneira a distribuição de renda no Brasil, o que é verdade e altamente desejável.

Assim, assume-se aqui, para o momento, uma posição simplificante e pacificadora: que a classe rica passe a arcar com a MESMA carga tributária que os mais pobres.

Somente isso!

Efetivando-se esta medida, os problemas que levaram o governo a necessitar do ajuste fiscal provavelmente poderão ser sanados, ao mesmo tempo em que haveria uma redistribuição de renda.

Alguém em sã consciência poderia dizer que seria injusto tal equiparação?

Esta é uma grande bandeira para os movimentos sociais... ou não?



Edival

24/06/2015.

terça-feira, 23 de junho de 2015

"Desvio" de Obras Públicas: Uma Faceta Negligenciada da Corrupção no Brasil

Este texto tem como objetivo evidenciar uma face específica da corrupção no Brasil que geralmente é subestimada.

De modo geral, a corrupção pública / política se vale dos vazios e nuances das leis e da capacidade das pessoas de se corromperem diante do poder e do dinheiro. Ocorre, de modo geral, quando o indivíduo se serve de uma situação privilegiada (funcionário público / cargo político) para tirar proveito pessoal e vantagens privadas através de ações consideradas ilegais / ilícitas.
Pode vir na forma de propina, incentivos ilegais, troca de favores, liberação fraudulenta de projetos, tráfico de influência, nepotismo e do desvio das obras daquilo que é interesse público, entre outros.

Este último caso de corrupção – geralmente negligenciado – tem características especiais e, na maioria dos casos, é difícil de se chegar à efetiva penalização de seus executores, devido à existência de sutilezas e nuances que dão lugar exagerado ao discurso, deslizando facilmente para fora da lei, apesar de estar claramente em sua esfera de abrangência.
O acusado pode declarar "com toda firmeza" que foi feito estudo de viabilidade, que foi aprovado, que seguiu todos os ritos – enquanto o senso comum de justiça de quem se cientifica do caso lhe alerta que "algo não cheira nada bem".

A caracterização do ato corruptivo e a penalização neste caso singular, muitas vezes, depende da vontade das esferas jurídicas de levar o caso adiante, trazendo mais um fator volátil: as relações de poder, de ideologia e de favorecimentos.

É a corrupção do governante que administra em causa própria e de seus asseclas, financiadores e "chegados", utilizando as obras públicas físicas e não, diretamente, desvios em espécie ou outros "favores".
Muitas vezes, é o pagamento de dívida eleitoreira, provinda de financiamentos e de apoio com intenções escusas (assim como na corrupção "convencional"). A obra, que deveria se valer de estudos de viabilidade econômica, ambiental e de eficiência na busca do benefício ao maior número de pessoas com a menor quantia de recursos possível agora é,  para além dos descaso, orientada para estes "pagamentos" ou "mimos".

Sai-se do modo "desvio direto de recursos" e entra no modo "desvio de obras".

O Brasil é pródigo deste modo corruptivo: vimos muito na história secular e recente incontáveis casos claros, como o dos coronéis da seca que construíram açudes e cisternas em suas terras em detrimento de quem verdadeiramente precisava, matando estes de sede e fome.
Segundo o historiador José Weyne:
"A seca em si era um impedimento ao progresso. Boa parte dos açudes era construída em terras particulares de coronéis e a população não conseguia ter acesso. Os açudes eram inúteis para a população."
Em tempos recentes, um caso notório foi evidenciado pela imprensa brasileira e motivou o olhar aqui  exposto sobre a corrupção no Brasil: o aeroporto de Cláudio, em Minas Gerais, envolvendo seu ex-governador e presidenciável Aécio Neves, onde a obra foi construída em terreno do tio-avô de Aécio e ex-prefeito de Cláudio, cuja família – pasmem – ficava com as chaves do portão do aeroporto.
Aeroporto de Cláudio, construído em um terreno desapropriado que pertenceu ao tio-avô de Aécio Neves.
Outro caso similar, com o mesmo político, foi denunciado. Um outro aeroporto, agora em Montezuma, cidade em que o pai do Senador Aécio possui uma agropecuária (globo.com).
A argumentação de inocência do político acusado pode ser vista aqui.

Não se pode deixar de citar outro fato de natureza patrimonialista, novamente com o mesmo político: a construção de uma estrada que foi desviada de trajeto previsto em 3 km até a fazenda de Roberto Marinho, denunciado por Kiko Nogueira. Veja a reportagem aqui.

Estes casos são os típicos "desvios de obra" de que trata este texto.

Contudo, não se pode aceitar qualquer justificativa. Qualquer político probo não teria a mínima dúvida de que, por questão de não-benefício próprio ou de pessoas próximas (no caso, parentes) esta construção não poderia nem ter sido cogitada (nem que fosse por questão de bom senso).

Estrada que dá acesso à fazenda de
Roberto Marinho.
Imagine-se, caro brasileiro, você investido de um cargo público tendo às mãos os papéis da autorização de uma grande obra ao lado da fazenda de parentes próximos seus e que visita frequentemente. Como não poderia recuar tendo um espírito incorruptível?
Como não iria perceber que não é certo, que não é justo, que saltaria aos olhos, se denunciado? Fato é fato.

Como outro exemplo, cito também o caso  das clássicas obras que ligam "lugar algum a coisa nenhuma" – os famosos "elefantes brancos" – levadas à frente por interesses escusos envolvendo favorecimento de empresas privadas ou de asseclas políticos.

O programa Fantástico (2011) apresentou uma reportagem que mostra vários casos deste tipo:


E existem, ainda, casos mais sutis do modo "desvio de obras públicas", como os bairros elitistas das cidades brasileiras que são cuidadas com todo esmero ajardinado, regadas com farto dinheiro público, muito além da austeridade e isonomia exigida do poder público, enquanto a periferia se afunda em buracos em suas ruas e as crianças morrem contaminadas devido à inexistência de saneamento básico.
Este modo de corrupção tão negligenciada gera, além da concentração de riquezas, a concentração do conforto, do acesso, da segurança, da beleza e do ambiente salutar.

Já percebeu este tipo sutil de corrupção da função pública nas cidades que viveu, caro leitor?

É a exclusão social, o nepotismo e o desvio corrupto se efetivando em forma de benfeitorias.

Estes casos mostram que a Justiça no Brasil deve evoluir muito para alcançar os políticos e administradores públicos nestes casos mais sutis de corrupção, sem distinção de posicionamento político/ideológico ou relações de poder.

Somente uma Justiça verdadeira, efetiva e apartidária trará a tão almejada paz social, pois pacifica os ânimos e disponibiliza recursos para um desenvolvimento que alcance todos os cidadãos brasileiros.
"Fiat justitia et ruat caelum" — "faça-se justiça, embora desabem os céus".

EdiVal
23/06/2015 


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Os Quatro Paladinos da Luta Contra a Fome no Brasil

Por séculos, uma fome grande envergonhou o Brasil.
Esta condição degradante perdurou até a pouco, tocando-nos fortemente para além dos anos 2000.

É o que mostra estas capas de reportagens de época na figura abaixo (1998 / 2002).


Manchetes da FOME, da SECA e da MISÉRIA: retratos de um Brasil envergonhado.

Depois desta apreciação, prestem atenção na seguinte informação, totalmente esquecida pelos brasileiros. Os dados são da SUDENE:

NA GRANDE SECA DE 1998-2002, MORRERAM NADA MAIS NADA MENOS DO QUE 3,5 MILHÕES DE PESSOAS! 

Estas mortes eram, em sua grande maioria, constituída por crianças, e ocorreram principalmente devido à fome de longo prazo (e a consequente debilidade física).

Sabiam de algo desta magnitude, caros leitores?

Todos sabem que com as recentes medidas de proteção social, finalmente adotadas como Política de Estado pelo governo Lula e continuadas nos governos subsequentes – especialmente o Bolsa Família e a valorização do salário mínimo – houve uma drástica redução na fome e na miséria em nosso País, culminando com a saída do Brasil do mapa da fome do mundo em 2014, segundo dados da FAO/ONU.

Brasil sai do mapa da fome em 2014.

Quando lançamos um olhar sobre a fome na Terra Brasilis, nos deparamos com uma história recheada de tragédias e grandes personagens, cujas lutas inclusive repercutiram mundo afora, pois foram batalhas realmente significativas e que, para variar, o próprio Brasil se esquece.

Eu me lembro de Betinho, a figura magérrima (como se a fome o assombrasse verdadeiramente) que lutava com todas suas forças pelo fim do flagelo da fome no País. Além dos citados acima (Lula e Betinho), mais duas figuras aparecem como heróis desta luta: Josué de Castro e Dom Hélder Câmara. Vale a pena conhecer suas biografias, pois construíram uma história que mudou o Brasil e – quiçá – mudará o mundo.

Pelos dados que alcancei, pode-se colocar estes quatro personagens citados como os grandes cavaleiros e paladinos da histórica, secular e épica luta contra o monstro da fome no Brasil.
Eles podem ser considerados, tranquilamente, os patronos desta guerra santa.

Um resumo das realizações de cada um é colocado (muito sinteticamente mesmo) nas figuras abaixo:

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Parece que os brasileiros não perceberam a importância histórica desta conquista. não se deram conta de quão triste era viver em um País tão rico, mas que ao mesmo tempo permitia que milhões (milhões mesmo) morressem de fome, tal a exclusão e concentração de renda que permitia.

A história há de fazer justiça a estes personagens históricos!

Como adicional, coloco as figuras e informações básicas na forma de um infográfico:




EdiVal
15/06/2015


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Sou Charlie e Muitos Outros

Sou Charlie, não tenho dúvidas que sou.
Mas sou também cada uma das milhares de vítimas de Boko Haram que foram assassinadas simultaneamente com Charlie, mas negligenciadas por um mundo que busca o glamour noticioso e não a humanidade.

Sou todos os seres que sofrem algum tipo de Violência no Mundo, sou cada ser humano injustiçado.

Sou Malala, sou as crianças palestinas mortas em ataques sem distinção entre o bem e o mal, a inocência e a culpa. Sou as mais de 100 pessoas que morrem por dia em decorrência do disparo de algum tipo de arma de fogo no Brasil, e sou também todo dado estatístico que engrossa o Mapa da Violência na Terra Brasilis.

Sou todas as "Marias da Penha", sou Tim Lopes, Jean Charles; sou Madeleine, Isabella, Natascha Kampusch e João Hélio; sou cada uma das vítimas do massacre do Carandiru e de Columbine. Sou o índio Galdino, sou Pedrinho e sua mãe.

Sou cada criança explorada sexualmente em todo o mundo e castradas da alegria por ignorâncias e violências de todos os tipos, nos quartos escuros de seu lar ou fora deles.


Sou, mais recentemente, o alpinista Ulisses Costas Cancela.

Sou as vítimas torturadas das ditaduras de todos os tempos e lugares, de qualquer ideologia.  Sou (literalmente) as vítimas da corrupção que, desde a Terra de Santa Cruz, empobrece a população e massacra o futuro da Nação.

Sou os atacados pelo ódio fascista que pragueja o Brasil. Sou também os linchados moralmente por jogos de dinheiro e poder. Sou os que foram imolados tentando se manter íntegros, não se corromperam e, por isso, pagaram um alto preço.

Sou Dorothy Stang, Chico Mendes e todos os 116 ecologistas mortos pelo mundo em 2014.

Sou cada uma das vítimas do ataque terrorista às torres gêmeas do Word Trade Center e cada um dos vitimizados pela guerra anti-terror que obscurece o mundo.

Sou, enfim, todo aquele que foi vítima da ignorância dos homens e, em especial, sou mais ainda aquele que sofreu dolorosas injustiças e violências na luta pela paz, por um mundo mais justo, mais sábio, e que tenha algum valor para se viver.

Je suis le peuple.


EdiVal
11/06/2015

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Imagens de Um Brasil Preconceituoso, Fascista e Desumano

Em 2014, viu-se a explosão de uma onda de violência nas ruas e na Internet: linchamentos, meninos pobres negros amarrados em postes, cartazes fascistas em manifestações pedindo a volta da tortura e suásticas dançando. Nas eleições, agressividade e preconceito contra nordestinos e assistidos por programas sociais.

Assim, viu-se uma parte da população - torpe, agressiva, preconceituosa, egoísta e excludente - emergir das profundezas da sociedade Terra Brasilis.
Em 2015, vê-se o consolidar desta tendência acachapante.

Na tentativa de mostrar o quão destrutivo para todos este fato, neste texto/mural, pretendo fazer um depositário das notícias que mostram este Brasil que fala o título, e que, impotentemente, vemos todos os dias se assomando em um crescendo de força. 

A cronologia será de cima para baixo. No final, um pouco de 2014.

Junho/2015:





Maio/2015:
                             


             




Abril/2015:






Março/2015:

 




Feveiro/2015:













Janeiro/2015:


            

                 

2014: o ano que as feras saíram das jaulas. 









EdiVal
16/06/2015