sábado, 14 de março de 2015

A Política da TERRA ARRASADA no Brasil de Hoje e do Passado: Destruindo para Conquistar

Muitas vezes, durante os conflitos que vemos na sangrenta história da humanidade, foi utilizada uma técnica altamente destrutiva e poderosa, denominada "TERRA ARRASADA".

Quando se vale do método, um exército ou população pode, por exemplo, recuar diante de um ataque que não podem combater diretamente, levando junto o que conseguem, queimando os alimentos e casas que ficam para trás, envenenando a água e destruindo o que mais poderia ser aproveitado; enfim, tornando insustentável a utilização dos recursos da localidade pelos que vem em seu encalço.

O resultado final é o enfraquecimento do inimigo, mas com o ônus de ter sua própria terra devastada. É a técnica derradeira, o "vencer a  todo custo", a mais legítima vitória de Pirro.



Já neste grande país chamado Brasil, talvez não tenha existido ou se vê a guerra como é contada pelos livros de história; existe, na verdade, um conflito velado e covarde onde tudo vale para desestabilizar o governo, a economia e a confiança, com o intuito claro (mas não declarado) de (re)tomar o poder.

É a política da TERRA ARRASADA no front brasuca, onde o agressor é quem, invertendo as peças do tabuleiro, intencionalmente arrasa o país, visando o queda do Governo ou o poder que não conseguiu obter pelas vias democráticas. É uma massiva técnica de guerrilha onde seus comandantes se escondem (e se mostram) nas brechas obscuras da lei, embaixo de uma justiça falha, da ignorância das pessoas e na desinformação e manipulação de uma mídia, ela mesma, guerrilheira, interessada apenas em lucrar e na manutenção de um poder concentrado. Haja vista seu histórico – e de muitos outros poderosos (pessoas e instituições) – de envolvimento e crescimento dentro dos golpes ocorridos no passado.
Se houvesse justiça perfeita no Brasil, estes estariam atrás das grades, e seu dinheiro corrupto e manchado com sangue de inocentes seria "repatriado".

Só pensam, absolutamente, em si e em seu lucro vil, e cujos desastrosos resultados de suas ações maléficas são imputados, tanto quanto possível, ao ente que é atacado e também ao povo – o terceiro elemento e vítima manipulada (e nem sempre inocente) desta equação perversa.

Buscam todo ponto fraco, aumentam, fazem lavagens cerebrais com técnicas maciças de propaganda, desinformação e dissimulação, e se utilizam de métodos deploráveis, atacando e recuando das sombras, minando as forças e a popularidade dos que querem derrubar. Destruição de reputações é uma de suas especialidades.

Se valem da ignorância da população e das seduções corruptivas de uma possível tomada de poder.
Jogam com o medo e o ódio, valendo-se de inimigos reais ou criando imaginários: o Comunismo, o Terrorismo, o ódio entre classes ou crenças, ou o medo da mudança (metatesiofobia) e do novo (neofobia) que quase todos os povos possuem em alto grau.

Dividem para conquistar!

Verifica-se, quando se lança um olhar para a História do Brasil, que neste jogo covarde ocorrem combinações poderosas de forças: políticas, midiáticas, econômicas, sociais, exógenas, corporativistas e militares. Seus componentes eram e são, em sua maioria, conservadores, anti-minorias, anti-distribuição de renda/bem estar social, corporativistas, "cristãos" e repressores. Flertavam e flertam com o fascismo e o militarismo, muitas vezes totalitário.

Foi assim com Getúlio Vargas  o "pai dos pobres". Como hoje, em sua época também a imprensa construía um clima de medo e uma imagem de corrupção generalizada na forma de "um mar de lama" – imputado hipocritamente ao outro, claro.
Havia a indisposição do Congresso, dos meios de comunicação e das Forças Armadas, além de uma classe média raivosa com o aumento dos direitos trabalhistas que Getúlio promoveu.

Nesta época, havia um comandante: Carlos Lacerda. Duro, manipulador, militarista e sedento por poder. Dizia – valendo-se da mídia que direcionava, mandava e desmandava – que Vargas era um "bandido corrupto que comandava uma quadrilha”. Quem está tendo um Déjà vu?

A derrota de uma tentativa de IMPEACHMENT mostrou aos inimigos de Getúlio que medidas legais não surtiriam efeitos, donde restava o MASSACRE DETERMINADO À FIGURA DO PRESIDENTE; deste modo, nas semanas que antecederiam o suicídio de Vargas (agosto de 1954), houve uma intensificação dos ataques de Lacerda contra todos próximos do presidente  de aliados a parentes, e até mesmo quem era neutro na UDN, seu partido.
Neste clima criado, os militares exigiam a RENÚNCIA do presidente, a população estava confusa e crescia a tensão e a indisposição como resultado da campanha de difamação. Curiosamente, a criação da PETROBRÁS também alimentou este clima, pois contrariava o setor empresarial.

Era um ataque diário, massivo e coordenado, visando criar as condições para a deposição.

E assim, diante de tal situação e clima de GOLPE, só restou a Getúlio "sair da vida para entrar na história". Com o suicídio, a população se enfureceu e forçou a recuada destas forças desestruturantes e evitou o golpe por 10 ANOS!

Vale a pena aqui transcrever o discurso de Tancredo Neves que disserta sobre  tais forças (DELGADO, 2001):
Um partido conservador e anti-trabalhista, por duas vezes derrotado em eleições democráticas em cujas fileiras – é preciso reconhecer – existem também verdadeiros patriotas iludidos na certeza de que servem aos seus verdadeiros ideais e não a interesses antinacionais – eis o elemento de fachada e a brigada de choque da grande conjura. Uma imprensa conservadora também ligada aos interesses dos grandes capitais nacionais e, por conseguinte, amalgamada no ódio a Getúlio Vargas e ao seu programa de governo, eis a máquina de agitação da opinião pública e de infiltração no seio das Forças Armadas, através do ludibrio das boas intenções de oficiais dignos e bem intencionados, mas, ao mesmo tempo, suscetíveis a uma determinada propaganda, por isso mesmo que saídos das classes mais abastadas. Por detrás de tudo isso e acima de tudo isso agia um grupo de notórios representantes do capital estrangeiro, de ricaços interessados em salvaguardar as suas gordas fontes de lucros em divisas. Por serem sabidamente ligados aos dinheiros estrangeiros, souberam manter-se no mais completo anonimato, arquitetando um plano cientificamente traçado de destruição do governo Vargas e velando pela sua execução nos mínimos detalhes. Esses foram os verdadeiros autores da conspiração e os primeiros responsáveis pela morte de Vargas (...) Esses tristes inconfidentes da traição e da morte tinham nas mãos todos os cordões que movimentaram os títeres da implacável conspiração (...) No que toca às Forças Armadas, cumpre ressaltar que o ato de indisciplina e deslealdade ao seu Chefe Supremo a que foram levadas pela ação desagregadora de alguns líderes ambiciosos é, em grande parte, devido à ação de um grupo de oficiais da Escola Superior de Guerra.
Depois do suicídio de Getúlio Vargas, o vice-presidente Café Filho assumiu a presidência e Juscelino Kubitschek se candidatou à presidência da República, com João Goulart candidato à vice, fato este que trouxe, novamente, forte oposição de forças conservadoras, de alguns chefes militares e da União Democrática Nacional (UDN) liderado sempre por Lacerda que, por exemplo, publicou em seu jornal "A Tribuna da Imprensa" a "Carta Brandi": falsa, forjada para servir de base ao planejado GOLPE DE ESTADO contra as eleições, o que ficou provado posteriormente.

Foi intensa e feroz a sequência de eventos liderada por Lacerda para conseguir a quebra da
legalidade. A Imprensa – quase na totalidade conservadora – fazia o mesmo jogo.

Neste ínterim, Café Filho ainda encetou uma tentativa de GOLPE DE ESTADO com apoio de parte de tais forças políticas. O discurso anticomunista era utilizado de forma obsessiva para os ataques à dupla JK-Jango recheados de pedidos de INTERVENÇÃO MILITAR, Contudo, apesar de todas estas tentativas de quebra da legalidade, as eleições acabaram sendo realizadas e eles foram eleitos, como tanto temiam os conservadores.
Ainda tivemos episódios como a tentativa de outro golpe, debelado com um contragolpe, e instalação de um estado de sítio por 30 dias para garantir a posse.
A habilidade política e de conciliação de JK conseguiram garantir a governabilidade, cuja história conhecemos bem.

A História seguiu seu curso, e esta tendência "anti-Getuliana" retornou forte quando assumiu o poder João Goulart em setembro de 1961, com a renúncia de Jânio Quadros. Como Jango era identificado como "esquerdista" e falava de "reformas estruturantes" (como a reforma agrária) o discurso anti-comunista se assomou, acionando uma avalanche de acontecimentos que culminaram com o GOLPE MILITAR.

(Em tempo: a pecha de comunista (comedores de criancinhas) que tentavam colar em João Goulart era um absurdo! Ele era um fazendeiro interessado em melhorar as terríveis condições sociais do Brasil à época, apenas isso. Um pouco de estudo – com espírito desarmado – da história do período pode mostrar este fato facilmente.)

Para que o texto não se alongue demais, não detalharei aqui  como fiz anteriormente – os acontecimentos deste período que feriram a legalidade e atrasaram o país por 50 anos; os ataques foram de uma magnitude tal que não seria possível descreve-los em poucos parágrafos, mesmo de forma resumida.

Charge da época de Carlos Lacerda, "O Corvo".
Enfim, cheguei ao ponto desejado: não se pode perceber, neste contexto cronológico, que nesta época da História do Brasil o cenário era muito parecido com o atual?

Quem você identificaria com Getúlio e Jango? E com o O Corvo (Carlos Lacerda)?
Em tempo: Carlos Lacerda apoiou intensamente o golpe, para depois ser traído pelos militares.

O que se deve ficar registrar do "período democrático" 1946-1964 é até que ponto as forças conservadoras, com o apoio da mídia, podem chegar para manipular os destinos do país, não se importando com o caos e atrasos que venham a causar, valendo-se sem pudores de uma política de Terra Arrasada.

Relembremos a Copa do Mundo de 2014: Houve uma campanha vil que conseguiu montar um cenário sombrio que nem mesmo a mais criativa mente poderia imaginar, carregadas de rios de contraposições, vaticínios gigantescamente catastróficos e vergonhas indescritíveis que não se concretizaram (menos um inimaginável: o 7 X 1 germânico). Alguém pode refutar este fato?

Esta realidade vista na Copa, tão intensamente vivida por todos nós, não pode nos contar uma miríade de coisas sobre o momento atual e passado deste País? Não se faz uma prova contundente de que existe uma força destrutiva, manipuladora e egoísta agindo?

Veja que contrassenso: até mesmo MARADONA (olha o destaque!) foi capaz de nos enxergar melhor do que nós próprios, ao comentar como ficou assustado e receoso de viajar ao Brasil devido à campanha de descrédito do Brasil na mídia nacional (contaminando até mesmo o exterior):

– "O que se pintava é que seria um caos. Parecia que teríamos de comprar uma arma ao desembarcar por aqui, mas não foi nada disso".

Se necessitamos de Maradona para explicitar a realidade e dizer que “o Brasil não é assim como vocês próprios, brasileiros, tentam a todo custo fazer acreditar” deve ter algo muito errado neste país... quem há de negar?

Novamente vivemos o clima de golpe, intervenção, e um país parado por crises políticas e tentativas de fuga da legalidade. O comunismo é um ente morto, e mesmo assim ressuscitam-no como fantasma assustador. Falam novamente de um "mar de lama" como se fosse algo fora deles – uma hipocrisia sem medidas, e cada brasileiro sabe disso!

Precisamos perceber a necessidade de paz e continuidade democrática para que o país cresça, não só economicamente, mas também como povo e como Democracia.
Precisamos banir da esfera governamental quem traz o movimento hediondo da "Terra Arrasada"; precisamos, por vias democráticas, enfraquecer a voz dos manipuladores da opinião pública e destruidores de reputações, como vimos acontecer em matérias "jornalísticas" criminosamente falsas ou manipuladas, que desvirtuaram nada mais nada menos que os destinos de nosso país, que tanto amamos.

Precisamos trazer e levar a legalidade e a Democracia acima de qualquer partidarismo. Precisamos jogar apenas o jogo democrático. Precisamos que o fluxo dos acontecimentos siga a energia das regras e leis constitucionais que, se precisam ser mudadas, se façam sem violência e através de um crescer das pessoas e da nação.

E que não cometam a MONSTRUOSIDADE de enfraquecer a nação para conquistá-la.

É o Brasil que arrasam, é o povo que prejudicam, sem se importar com nada!

Vamos continuar permitindo isso?

EdiVal
14/03/2014

Adicional: animação Chicken Little (1943), produzido antes da guerra fria, o que indica que deve se tratar de uma crítica-alerta sobre o fascismo, ou a toda boataria promotora da "TERRA ARRASADA".




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