16 de setembro de 2014.
Neste dia de extrema importância para a Paz e a Justiça, um relatório da Organização das Nações Unidas coloca o Brasil fora do Mapa da Fome pela primeira vez em sua existência!
Quem há de negar ser este um dia histórico para o País?
Um marco humano desta magnitude deveria estar sendo impresso no rol das mais significativas datas comemorativas brasileiras!
Mas não houve alarde, não houve festa.
Muito provavelmente, o ódio de classes em clima de eleição presidencial não permitiu, mesquinho que se revelou.
Não percamos a humanidade; não percamos a noção do que é importante na vida, na sociedade, no mundo.
O que houve conosco, o que houve com o Brasil?
ONDE ESTÃO OS FOGOS?
Se é assim...
Então celebremos nós, festejemos sozinhos, cantemos solitários!
Estouremos um champagne felizes e orgulhosos!
E chamemos Betinho, e também Josué de Castro e Dom Hélder Câmara – os paladinos da luta contra a fome no Brasil – para brindar conosco.
Para quem não sabe, ou não se lembra, Herbert de Souza – o Betinho – nos deixou em 1997. Sociólogo e ativista dos direitos humanos, passou um longo período exilado pelo regime militar. Retornou ao país em 1979, quando fundou o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). Em 1993 criou seu projeto de maior expressão: "Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e pela Vida", que trabalhava a favor dos pobres, excluídos e famintos.
Betinho e um dos seus pensamentos. (Imagem da Internet, gostaria de identificar o autor para os créditos) |
Por isso, Betinho se moveu em defesa dos famintos e despontou em sua luta.
Sua imagem de extrema magreza – como se a própria fome morasse dentro dele – não saia das telas (de tubo) da TV, e agora faz parte do imaginário coletivo do povo brasileiro.
Pergunte para quem tem mais de 30 anos "–– quem era Betinho?".
Faça isso, de verdade!
Ressuscite um pai da Pátria e dos pobres, esquecido no momento que deveria estar sendo homenageado por todos os poderes e cidadãos brasileiros.
Ele formou, juntamente com Josué de Castro e Dom Hélder Câmara, o trio de cavaleiros "anti-apocalípticos" que chamaram a atenção do país sobre a fome e miséria, colocando-as em evidência, lutando intensamente para que fizessem parte das políticas públicas.
Se estivesse vivo, provavelmente teria participado de perto do programa "Fome Zero" – o programa de maior sucesso no mundo na mitigação da fome aguda.
Prova contundente é o Nordeste, que está em seu terceiro ano de seca consecutiva e mesmo assim não se houve mais falar dos "flagelados da seca" – outro termo que permeou as telinhas do Brasil das décadas passadas.
Choque de realidade: na seca de 1979 / 1984, dados da Sudene mostram que morreram inacreditáveis 3,5 milhões de pessoas, especialmente crianças!
Viva Betinho, nosso Dom Quixote de la Mancha! – Ou melhor "ex-mancha", porque o país saiu do mapa da fome, mais límpido e rico.
E se esta mazela rondar novamente nossos irmãos, encarnemos os "3 cavaleiros da nutrição" para não permitir tal barbaridade – contradição das contradições em um país pleno de fartura e riquezas.
Tenhamos sempre em mente que cada pessoa do mundo que sofra fome nos torna menos humanos, menos merecedores de graça e de paz.
Não nos percamos em nosso pequeno mundo fastio!
Pegue uma taça e brinde conosco também!
E você, tem fome de quê?
“O desenvolvimento humano só existirá se a sociedade civil afirmar cinco pontos fundamentais: igualdade, diversidade, participação, solidariedade e liberdade”
(Herbert José de Souza - o Betinho).
EdiVal
12/10/2014
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