sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Como Me Convenci da Necessidade da Liberalização das Drogas

A um ano atrás a ideia de liberar / legalizar as drogas me soava absurda, apesar de minhas tendências liberais. Afinal, as drogas destroem vidas e famílias e nunca deveriam ter sido inventadas, não é mesmo?

Hoje (2015/16) vejo este procedimento como algo urgentemente necessário!

Em tempo: não, não sou a favor do uso destas substâncias; não, não sou hippie; não, não sou um extremista.

Na verdade, nunca provei ou fumei ou cheirei, e bebo algo entre o nada e o socialmente.

Mais ainda: pessoalmente não ganharia dinheiro com estas áreas – se isto fosse permitido; e ainda mais: nem mesmo trabalharia com açougues e lanchonetes/lancherias comuns pelo simples motivo de não querer este tipo de alimentação para mim e os meus.
Questão de coerência entre a teoria e a prática (teática)...

Então porquê alguém como eu – tendo esta visão e vida – teria se voltado a favor da liberação dos entorpecentes?

Foi por meio da confrontação de ideias, do estudo e da reflexão. Contribuiu muito para a necessidade desta busca o momento brasileiro em relação ao aumento da violência.

Vou citar alguns pontos do meu auto-convencimento:
  1. Liberdade. Sou a favor da liberdade pessoal e coletiva (com os limites que a filosofia trata). Acredito que, como os indivíduos, as sociedades não crescem se não experienciarem, cometerem sozinhas seus erros e forjarem elas mesmas suas mudanças. Sociedades e pessoas amadurecem quando caminham por suas próprias pernas;
  2. Fracasso da Repressão. A proibição das drogas e a penalização dos viciados (na maioria pobres), base da política atual contra as drogas, só aumentou o problema nas sociedades do mundo todo, e nos coloca ao lado da calamidade. Assim, existe a necessidade de mudar radicalmente o que se faz e como é feito;
  3. Questões Psicológicas. Os estudos psicológicos e a observação das sociedades e indivíduos mostram que a repressão traz a rebeldia e o desejo de quebrar as regras impostas, se estas vem de cima para baixo; além disso, é da natureza humana (principalmente dos adolescentes) o amor ao proibido;
  4. Pragmatismo. A guerra contra o que chamamos de "substâncias ilícitas" não só mostrou-se inócua como construiu o mundo das drogas como conhecemos: um verdadeiro império. Veja o exemplo da catastrófica "Lei Seca" dos Estados Unidos , criando monstros como os gangsteres e seu Al Capone. Assim, existem gangsteres/máfias para cada droga reprimida.
  5. Questões Econômicas. Tratar os viciados onera o sistema de saúde.  Fazer a legalização obviamente passa por cobrança de impostos (que deve ser alto, mas não o suficiente para (re)viabilizar economicamente o tráfico). Esta arrecadação deve, por coerência, ser repassada para o tratamento destes que se aventuram pelos caminhos tortuosos do vício. E mais: atualmente, a maior parte dos recursos destinados à luta contra as drogas vai para a ineficiente repressão. Com as drogas legalizadas, esta imensa quantia de recursos poderiam ser destinadas à prevenção e ao tratamento!
História da Lei Seca nos Estados Unidos.

Por estes pontos eu me convenci desta necessidade controversa. Obviamente, não imagino um mundo onde existam supermercados com "seção das drogas", e por isso regras rígidas deverão sempre existir em uma questão desta magnitude.

O que não se tem dúvidas é de que estamos perdendo esta guerra, e o mundo que pode ser criado não consigo nem quero imaginar.


EdiVal
08/01/2016


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seus comentários são muito importantes! Obrigado!