domingo, 5 de abril de 2015

Nem Uma Criança Com Fome!

Nem uma criança passando fome.
Nem um ser humano deixado para morrer na porta do hospital por ser pobre.
Nem um cidadão brasileiro preso às correntes da miséria.

São estas pautas que valem toda a pena lutar, pois nenhum outro tipo de Brasil pode ser considerado.

Não, não é possível imaginar-se vivendo em um país que permita tais fatos desumanos por uma crença de que que a vida se resume ao capital, que o que vale é a lei do mais forte, da "meritocracia", e da "seleção natural", deixando o direito ao pleno desenvolvimento dos seus entregues a um reles evento de sorte que é o nascer ou não em família abastada e sã.


Também é sórdida uma sociedade em que pessoas repletas de potenciais tenham que gastar todo o tempo e energia de uma vida para a sobrevivência pura e simples, vendendo a força de seus músculos e sua dignidade em subempregos, enquanto poderiam estar crescendo em escolas e instituições onde construiriam a capacidade de ser dezenas de vezes mais produtivas para si, para a sociedade e para o país – se assim desejarem.

É a escravidão disfarçada na forma do trabalho extenuante e mal remunerado e imposta de cima para baixo; ali não há futuro – apenas pequena sobrevivência.

Nenhuma ideologia ou sistema político/econômico estará correto se admitir tais condições.
A História nos mostra a face mais dura deste modo de pensar em milhões de cadáveres e bilhões de seres humanos sequelados física e psicologicamente, encarcerados na prisão de sua própria miséria.

Não, não se pode considerar tal admissão!
É o holocausto diluído no tempo de uma vida, é o sangue dos pobres sobre a terra.
Vale a pena lutar um mundo sem tais feridas!

Não concorda, acredita ou interessa?
Então lhe darei um tempinho vivendo a vida destes, dentro da experiência da dor que desdenha – e aí voltarei a lhe questionar.
Viver o que sente o outro não é opinião: é vivência transformadora!
Se eu pudesse... daria ao opositor a experiência da dor que, superficialmente, desmerece.

As experiências que acredito como naturais na sociedade em que vivo devem sobreviver à ideia de um filho meu sendo colocado para vivê-las também.
Não somos máquinas, e viemos ao mundo para sermos felizes.

TODOS!

O Brasil já viveu a fome intensamente (Betinho era nossa consciência); já produziu incontáveis flagelados da seca (3,5 milhões de mortos só na seca de 1979-84).
Hoje a realidade do País é outra, pois os eventos onde miseráveis em massa protagonizam cenas deprimentes não existem mais.

Contudo, a construção de uma sociedade verdadeiramente justa passa pela proteção individual e localizada dos cidadãos, pois, como foi exposto, nada menos que:

  • nem uma criança passando fome;
  • nem uma mazela sem cuidados;
  • nem uma mente brilhante sem ter um caminho possível para sua plena expressão.

Por isso devemos todos lutar por um país e um mundo de justiça social, de riqueza compartilhada (pelo menos ao nível das necessidades básicas), da Educação de qualidade para todos e de uma economia inclusiva e sustentável.

Veja: se for um direito daquele que, agora, se enquadra, também será um direito seu, no sentido que, se no futuro por acaso a vida for dura com você e também vier a necessitar, poderá usufruir das proteções em vigência, obtendo o mínimo para sobreviver. Você e os seus.

Se é um direito de todos, porque o ódio?

Não, não sou a favor de igualdades forçadas, de padronizações, de explorações de quem produz.
Sim, sou a favor de se conquistar sonhos; de enriquecer e ser livre, de poder viver a vida que escolher. Também de respeitar isso quando se trata do próximo.

Mas não, não posso admitir um país que permita uma – UMA SÓ – criança sendo violentada em suas necessidades básicas e não recebendo o investimento necessário para se desenvolver plenamente, ou a dor da indiferença de um pai diante do recurso financeiro inexistente na hora da necessidade urgente.

Se quisermos, poderemos eliminar estas realidades sem que este ato impeça ou violente qualquer ideologia, direito ou liberdade.
É apenas uma concessão para não perder o que nos torna humanos!

Meritocracia? Não para justificar a desumanidade!

Isto não quer dizer, adversamente, que devemos ser condescendentes com comodismos e parasitismos. A máquina deve ser ajustada para evitar tanto quanto possível algo assim e, sapientemente, saber que casos pontuais irão acontecer – e que devem ser punidos apenas deste modo: individualmente.

O Estado do capitalismo selvagem ou de caráter ditatorial permitem casos terríveis de desumanidade – mas não só! A corrupção, a sonegação, a ineficiência pública e os impostos mal aplicados também são hediondos, pois propiciam estas realidades.

Não nos permitamos viver num lugar assim, onde no cenário que nos é apresentado jaz a miséria humana, a tristeza da dor de ser esquecido, a condescendência para com um mundo vil.

Esquerda e direita, conservadores e libertários: sua ideologia não deve nem precisa permitir tal mundo!

Ter o mínimo para uma vida digna é direito humano, individual e coletivo.
Aquele que deseja mais, vai lutar para progredir, desenvolver seus talentos, empreender entusiasticamente, trabalhar duro (hard work)!.

Por isso é tão importante a Justiça Social e o amparo, sem preconceito e ódio.
Sua ideologia sobrevive à esta concessão, pode acreditar!

A vida é curta, mas aquilo para o qual você cedeu sua energia e sua vontade, o modo como viveu e aquilo que estimulou, ressoa na eternidade.

Não admitamos uma sociedade desumana, pois este é o único mundo em que vale a pena viver!

Abençoado o país em que o "menor" dos seus cidadãos – tal qual a "filha da empregada" – tenha a possibilidade real de alcançar tudo aquilo que deseja e tem potencial para ser, e não passe pela dor de ser abandonado e condenado a nascer, viver e morrer uma vida preso bem rente ao chão pelas correntes pesadas da miséria e da ignorância.

Não ao buraco negro do abandono!

Nem uma criança passando fome!
Nem um ser humano deixado para morrer por ser pobre!
Nem uma pessoa presa às correntes pesadas da miséria e da ignorância!


O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença” ―Érico Veríssimo


EdiVal
05/04/2015


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