domingo, 26 de abril de 2015

Andando e Errando: Pereceremos Mas Não Aprenderemos?

Como animais humanos, nascemos, crescemos, nos reproduzimos e morremos.
Como raça e sociedade, buscamos a garantia da sobrevivência e permanência neste mundo.
Como seres pensantes em eterno conflito – interno e externo –, buscamos respostas para o entendimento de nós mesmos e do nosso lugar no Universo.
No passado pré-histórico, lidávamos dia-a-dia com predadores e forças naturais; os pensamentos, simples como a natureza, refletiam o assombro diante dos fenômenos: os trovões eram as vozes dos deuses!

Com o advento da agricultura (e a consequente garantia alimentar) e das organizações humanas complexas – regidas pelas mais diversas regras – pudemos direcionar grandes quantidades de calorias e tempo no cultivo do pensamento e na contemplação. Surgem daí ideias mais elaboradas, os embriões da Ciência e da Filosofia, as religiões e os primeiros governos com alguma constituição.

Misturavam-se sociedades dominadoras e anárquicas, simples e complexas, comandadas por líderes (justos ou repressores), ou até mesmo em um inacreditável e harmonioso estado de Democracia pura.

Alguns sentiram (e ainda sentem) a angústia de algo maior e invisível – muito além do que se vê e entende como leis do universo físico – e assim nasceu a espiritualidade.

Com o crescer do nível de  complexidade das instituições humanas, nos deparamos com a criação e a destruição, com o conhecimento e o medo dele. O poder desencarna dos músculos e evolui para outras instâncias humanas.

Assim, uma complexidade antes inimaginável surge da mistura de política, religião, Ciência e Filosofia, sustentadas por sociedades e crenças diversas, divisão territorial, culturas e línguas diferentes. Nasce o terrível jogo político, a concentração de poder e riquezas, novas armas, técnicas e motivações para infindáveis conflitos.

Neste caminhar da História, vimos estados monárquicos crescerem e definharem e ditaduras oprimirem e massacrarem sua própria gente para, depois, caírem.
Vimos o fanatismo e o ódio entre povos e culturas diferentes justificarem guerras e genocídios.
Vimos nações sendo guiados por cegos, sanguinários e medíocres.

Vimos também a revolução industrial, o surgimento do capitalismo, de empresas e pessoas poderosas como nações.

Vimos escravidão e todo tipo de opressão.

Pudemos viver a revolução tecnológica, o surgimento da World Wide Web e da era da informação.

Compreendemos que a Terra é finita, que os recursos acabam, e que o futuro da humanidade depende de respeitarmos os limites do planeta.

Conhecemos, também, um pouco do nosso verdadeiro lugar no universo: um minúscula rocha escondido na periferia de uma galáxia – ela mesma pequena e igual dentre bilhões de outras.

Perscrutamos novas realidades, trazidas à luz visível pelo desenvolvimento científico que possibilitou a manipulação genética, a exploração espacial, o surgimento da Física Quântica, Relativística e Nuclear, entre tantas conquistas.

Enfim, vimos a complexidade infinita do Universo e quão limitado somos, condenados a vivermos presos em nossa inescapável finitude.

Tantas lições – para pessoas e nações – que podem ser tiradas de nossa história, do conhecimento acumulado, de nossa experiência pretérita e atual.

Mas caminhamos errando enormemente ainda agora, fazendo coisas que a experiência já nos mostrou ser um grande equívoco:
  • Voltamos a misturar Governo e Religião, crença e Ciência;
  • Continuamos a fabricar milhões de miseráveis para que apenas alguns vivam a vida de imperadores, abençoados pelo Deus-Mercado;
  • Na era da informação, teimamos em cultivar vícios, ignorâncias e preconceitos;
  • Tratamos nossas crianças como objetos de abandono, ou na superficialidade que vem da falta de limites, fabricando adultos desajustados em série;
  • Depredamos nosso planeta tal qual vírus e gafanhotos, consumindo tudo sem pesar;
  • Ainda se louva estados repressores, se reverencia ditadores. Alguns saem às ruas cometendo o crime de pedi-los (para estes, eu daria 5 minutos encarnados no corpo dos torturados, para cair na real da dor sentida – de corpo e alma –, infligida por monstros travestidos de autoridade);
  • Muitos ainda acham que é moral viver em um país em que crianças sintam fome, e flagelados pereçam na seca – de água e de humanidade.
Precisamos usar nosso conhecimento para construir um mundo onde nem uma criança passe fome, ninguém definhe na porta do hospital por ser pobre, nem um cidadão fique preso às correntes da miséria.
Só isso é humanamente justo e aceitável e poderá proporcionar paz e fraternidade como normas.

Já temos experiência e informação bastante para sabermos que a humanidade só prospera e vale a pena com tolerância entre pessoas e nações, com fartura para todos, com educação e respeito para com a natureza.

Porquê teimamos em cometer os mesmos erros se já estamos conscientes de sua capacidade destrutiva e desagregante?

Quem não aprende pela via da cooperação e do respeito, aprende pela dor (se ainda houver tempo para tal aprendizado).

Temos escolha?
EdiVal
25/04/2015

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