domingo, 26 de abril de 2015

Andando e Errando: Pereceremos Mas Não Aprenderemos?

Como animais humanos, nascemos, crescemos, nos reproduzimos e morremos.
Como raça e sociedade, buscamos a garantia da sobrevivência e permanência neste mundo.
Como seres pensantes em eterno conflito – interno e externo –, buscamos respostas para o entendimento de nós mesmos e do nosso lugar no Universo.
No passado pré-histórico, lidávamos dia-a-dia com predadores e forças naturais; os pensamentos, simples como a natureza, refletiam o assombro diante dos fenômenos: os trovões eram as vozes dos deuses!

Com o advento da agricultura (e a consequente garantia alimentar) e das organizações humanas complexas – regidas pelas mais diversas regras – pudemos direcionar grandes quantidades de calorias e tempo no cultivo do pensamento e na contemplação. Surgem daí ideias mais elaboradas, os embriões da Ciência e da Filosofia, as religiões e os primeiros governos com alguma constituição.

Misturavam-se sociedades dominadoras e anárquicas, simples e complexas, comandadas por líderes (justos ou repressores), ou até mesmo em um inacreditável e harmonioso estado de Democracia pura.

Alguns sentiram (e ainda sentem) a angústia de algo maior e invisível – muito além do que se vê e entende como leis do universo físico – e assim nasceu a espiritualidade.

Com o crescer do nível de  complexidade das instituições humanas, nos deparamos com a criação e a destruição, com o conhecimento e o medo dele. O poder desencarna dos músculos e evolui para outras instâncias humanas.

Assim, uma complexidade antes inimaginável surge da mistura de política, religião, Ciência e Filosofia, sustentadas por sociedades e crenças diversas, divisão territorial, culturas e línguas diferentes. Nasce o terrível jogo político, a concentração de poder e riquezas, novas armas, técnicas e motivações para infindáveis conflitos.

Neste caminhar da História, vimos estados monárquicos crescerem e definharem e ditaduras oprimirem e massacrarem sua própria gente para, depois, caírem.
Vimos o fanatismo e o ódio entre povos e culturas diferentes justificarem guerras e genocídios.
Vimos nações sendo guiados por cegos, sanguinários e medíocres.

Vimos também a revolução industrial, o surgimento do capitalismo, de empresas e pessoas poderosas como nações.

Vimos escravidão e todo tipo de opressão.

Pudemos viver a revolução tecnológica, o surgimento da World Wide Web e da era da informação.

Compreendemos que a Terra é finita, que os recursos acabam, e que o futuro da humanidade depende de respeitarmos os limites do planeta.

Conhecemos, também, um pouco do nosso verdadeiro lugar no universo: um minúscula rocha escondido na periferia de uma galáxia – ela mesma pequena e igual dentre bilhões de outras.

Perscrutamos novas realidades, trazidas à luz visível pelo desenvolvimento científico que possibilitou a manipulação genética, a exploração espacial, o surgimento da Física Quântica, Relativística e Nuclear, entre tantas conquistas.

Enfim, vimos a complexidade infinita do Universo e quão limitado somos, condenados a vivermos presos em nossa inescapável finitude.

Tantas lições – para pessoas e nações – que podem ser tiradas de nossa história, do conhecimento acumulado, de nossa experiência pretérita e atual.

Mas caminhamos errando enormemente ainda agora, fazendo coisas que a experiência já nos mostrou ser um grande equívoco:
  • Voltamos a misturar Governo e Religião, crença e Ciência;
  • Continuamos a fabricar milhões de miseráveis para que apenas alguns vivam a vida de imperadores, abençoados pelo Deus-Mercado;
  • Na era da informação, teimamos em cultivar vícios, ignorâncias e preconceitos;
  • Tratamos nossas crianças como objetos de abandono, ou na superficialidade que vem da falta de limites, fabricando adultos desajustados em série;
  • Depredamos nosso planeta tal qual vírus e gafanhotos, consumindo tudo sem pesar;
  • Ainda se louva estados repressores, se reverencia ditadores. Alguns saem às ruas cometendo o crime de pedi-los (para estes, eu daria 5 minutos encarnados no corpo dos torturados, para cair na real da dor sentida – de corpo e alma –, infligida por monstros travestidos de autoridade);
  • Muitos ainda acham que é moral viver em um país em que crianças sintam fome, e flagelados pereçam na seca – de água e de humanidade.
Precisamos usar nosso conhecimento para construir um mundo onde nem uma criança passe fome, ninguém definhe na porta do hospital por ser pobre, nem um cidadão fique preso às correntes da miséria.
Só isso é humanamente justo e aceitável e poderá proporcionar paz e fraternidade como normas.

Já temos experiência e informação bastante para sabermos que a humanidade só prospera e vale a pena com tolerância entre pessoas e nações, com fartura para todos, com educação e respeito para com a natureza.

Porquê teimamos em cometer os mesmos erros se já estamos conscientes de sua capacidade destrutiva e desagregante?

Quem não aprende pela via da cooperação e do respeito, aprende pela dor (se ainda houver tempo para tal aprendizado).

Temos escolha?
EdiVal
25/04/2015

domingo, 19 de abril de 2015

Desaprendendo a Odiar e Aprendendo a Desodiar

Ódio é desespero, amor é pacificação.

Apesar disso, odeia-se muito neste mundo.
É uma emoção particularmente presente na raça humana, não há como se ter dúvidas.

Há seres que odeiam tudo: odeiam quem não odeia o mesmo ódio e amam quem odeia igual; odeiam como esporte, amam odiar.

Famílias, religiões, seitas e sociedades – todos tem seus objetos de ódio, como por exemplo: uma outra classe de mesma categoria, uma personalidade histórica, um ser mítico, uma crença contrária (ou qualquer crença que não a sua, a depender do grau de fanatismo).
Pior: podem odiar membros íntegros da MESMA denominação ou sociedade por condições, posições ou condutas que não gostam ou concordam!
Em um "certo País", além dos diversos preconceitos irracionais seculares, como os relacionados à opção sexual, credo e cor, vê-se o crescer o ódio de classes e de posicionamento político; impossível não citar também o ódio estimulado por algumas seitas evangélicas.

Assim, nesta escalada, torna-se o homem – como indivíduo e raça – o seu próprio e maior predador!

Com o tempo, de tanto refastelarmo-nos com a conflagração, felizmente tornamo-nos fartos, pois o ódio consome, desagrega e destrói também quem o porta. Assim, nos sentimos, um dia, cansados de tanto odiar, desejosos de retirar este peso vil de nosso peito.
Mas o que nos espera não é fácil! O ódio que acalentamos e alimentamos durante tanto tempo se configura, muitas vezes, tal qual droga pesada, maldição secular, avassaladora pressão mesológica ou egrégora pegajosa.

Constatação:
Tentar o não-ódio é escolher o caminho do contrafluxo, onde até os seus entes amados podem se voltar contra você, odiando-o!

Então, como escapar das espirais virulentas de ódio?  Quero aqui discorrer um pouco sobre esta questão e mostrar que: sim, é possível abandonar posições odiosas!

O desaprender a odiar e o aprender a "desodiar" que pretendo expor são dois entes semelhantes do mesmo sistema; tem direções diferentes, mas são totalmente complementares – repousam na mesma linha como os dois sentidos de um vetor.
O primeiro é – tomando emprestados alguns conceitos da Física – fazer desacelerar a ira até tornar estático o crescimento do "vetor ódio"; o segundo é tentar retornar, fazer o caminho contrário e voltar ao ponto em que existia a condição do "não-ódio" – o ponto neutro: zero ódio, zero amor.

Lembre-se sempre: ninguém nasce odiando; aqueles que nos cercam se encarregam de ensinar.

Para deixar de odiar não se pode ter medo. É preciso coragem para confrontar suas próprias ideias e as dos seus, e assim ir em direção ao outro, para finalmente conhecê-lo. É necessário perceber que se você tivesse nascido na família daquele que odeia, amaria aquelas pessoas, teria as crenças delas, e certamente também seu ódio. Sim, você odiaria os seus – estes que, agora, ama – e acharia suas crenças atuais, tão caras para você, um absurdo ou insanidade!

Saber se colocar no lugar do outro, a ponto de sentir o que ele sente e compreender como ele construiu sua visão de mundo, é o segredo da fraternidade, da tolerância e da PAZ.

Se você compreender isso, não conseguirá mais odiar!

Não, não é fácil. O não-odiar é uma arte do exercício diário!

Como não sentir vontade de fazer o mesmo com aquele que mata covardemente uma criança, esfola um cachorro? Contudo, se os odiarmos nos ligamos irremediavelmente aos mesmos e a seu mundo; e mais: se fizermos com eles o que fizeram com suas vítimas, nos aproximamos e, em muitos casos, nos igualamos a estes que nos fizeram sentir náuseas de revolta.

Não, não teremos feito justiça, mas apenas um ato de vingança! Seremos criminosos perante a as leis humanas e do Universo. Saberemos sempre do sangue em nossas mãos.

Quem nos deu o direito de julgar, sentenciar e executar?

Lembre-se: sempre que você acredita em algo, seu cérebro filtrará as experiências que vivencia, fazendo parecer que a realidade do mundo é aquela mesma que acredita; assim, seu ódio se intensificará e poderá ser eternizado por tantas "provas" de que o outro merece todo o desprezo que devota a ele. Esta tendência a acreditarmos fortemente somente naquilo que confirma nossas crenças interiores se denomina raciocínio motivado.

Já será uma enorme conquista pessoal se o indivíduo que alimentou algum grande ódio chegar ao "ponto zero" – o estado do "não-ódio"; mas o ideal é seguir além na direção contrária, ultrapassando este ponto e, com calma, começar a amar quem, antes, contundentemente se odiava.
Este é o terceiro elemento em direção à saúde do coração e das sociedades: o aprender a amar (talvez, quem antes se odiava – o supra-sumo da transcendência humana).

Este sim é um desafio para os fortes! Com certeza, exige uma luta interna titanesca perseverar no caminho da auto/hetero-pacificação e da fraternidade.

Para que isso aconteça, é necessário férrea força de vontade, buscar sempre o universalismo e a ampliação da visão de mundo e de nossa humanidade; é mais necessário ainda, repito, aprender a se colocar no lugar do outro, conhecê-lo e, até, admirar suas qualidades e o ser único que ele é.

Necessita-se aprender, também, a não deixar a farpa das ideias preconceituosas penetrar em nossa mente e envenenar nosso discernimento. E acredite: você será bombardeado por elas!

O ódio diminui a vida, o que é uma prova contundente de sua ANTINATURALIDADE e por isso é, no mínimo, uma posição nada inteligente.

O ódio é o veneno que contamina, cega e adoece, trazendo a ira que agride e a adaga que mata!

Um lembrete adicional: todos – eu, você e os outros – temos o direito de ter defeitos e manifestar ideias absurdas (uma questão e liberdade). O que não temos direito de fazer é atacar o(s) outro(s) ou alimentar o hetero-ódio. Inclusive, poderemos estar cometendo um crime previsto em lei se fizermos isso!

Abaixo, um bela Palestra do TED que ilustra bem as teses deste texto com um exemplo real. Na descrição: "Se você for criado em dogma e ódio, será que consegue escolher um caminho diferente? Zak Ebrahim tinha só sete anos quando seu pai ajudou a planejar o bombardeamento do World Trade Center em 1993. Sua história é chocante, poderosa e enfim, inspiradora".




Além da maioria das religiões e filosofias, algumas teorias modernas também trazem indicativos de que o seu ódio ressoa pelo mundo, tornando-o pior só de você senti-lo (ou torna-o melhor, se você se alinha com positividades), tais como o Inconsciente Coletivo de Jung, a Teoria do Centésimo Macaco e a  Ressonância Mórfica.

Também AME A SI MESMO, porque quem se odeia, odeia o mundo todo. 

Se conseguir sentir amor por você mesmo verá acontecer a pacificação interna e de toda sua esfera de relações.

Busque a humildade de saber que o seu mundo e o que você acredita não é melhor que o universo e a crença do outro.
Se amar é difícil, comece expurgando todo o ódio. Você não vai ser menor, muito menos morrer; aliás, vai ampliar seu mundo, suas trocas, sua vida e sua felicidade.

Se apenas conseguir não odiar, você já pode se considerar um vencedor!
Se amar, você se tornou um ponto de luz no mundo!

Mas prepare-se, porque seus ex-comparsas odiadores mais próximos lhe atacaram inicialmente para depois, finalmente, escorraçá-lo de suas vidas e meios.

Em síntese:
  • Primeiro, desacelere o movimento que faz em direção ao ódio até desaprender a odiar;
  • Depois, aos poucos (ou em dolorida ruptura), "desodeie" – retorne ao ponto do "não-ódio";
  • E, finalmente, procure sentir apreço e amor às pessoas e coisas do mundo (e é claro, a você próprio!).
Com isso, o mundo – interno e externo – nunca mais será o mesmo!
Se você odeia alguém, é porque odeia alguma coisa nele que faz parte de você. O que não faz parte de nós não nos perturba. — Hermann Hesse
EdiVal
19/04/2015

Brinde (não precisa de tradução para entender):


Sínteses Sobre a Realidade da Justiça no Brasil

A Realidade Sobre a Justiça no Brasil em:

1- Um Parágrafo.
Se não forem investigados e punidos os escândalos de TODOS os partidos e esferas (política/governamental/administrativa/empresarial...), vai se eternizar a sensação de que a Justiça neste país é uma retumbante falácia e, com isso, veremos a maior perda de oportunidade que o Brasil já teve de ser passado a limpo. Uma parte sectária e superficial da população ficará satisfeita, mas uma sensação indefinida e subjacente de que nada mudou, de que "algo está errado", incomodará a maior parte da população; será como uma "conquista sem sabor", pois somente a justiça verdadeira, omnilateral, pacifica uma nação, gerando na confiança que se pode colocar em suas instituições a força motriz para o progresso de qualidade que somente os povos livres e justos podem obter. Se as investigações continuarem a seguir apenas o caminho da esquerda, a impressão que ficará é a de que elas acontecem apenas para excluir de um amplo e generalizado esquema de corrupção uma parte não desejada.

2- Uma Frase.
Se somente a verdadeira justiça traz paz, a justiça parcial que estamos vendo no Brasil trará a polarização, o conflito, o atraso e a destruição de um futuro que valha a pena para nosso país.

3- Três Palavras.
Direcionamentos políticos elitistas.

4- Duas Palavras.
Investigações unilaterais.

5- Uma Palavra.
Parcialidade.

6- Uma Imagem.
/
(Adaptado de uma fonte da Internet.)
EdiVal
19/04/2015




quinta-feira, 9 de abril de 2015

Pelo Fim de Toda Pompa!

Poder, Autoridade e Serviço Público.

A posse de poder, de riqueza, de um cargo – as vezes de um passado abastado que não se deixou para trás – parece ser a senha para o egoísmo e a corrupção.

A autoridade não se possui, e sim se estabelece entre duas ou mais pessoas; pode acontecer naturalmente ou depois de um embate de forças. Não existe autoridade sem aceitação – as vezes conquistada, as vezes covarde.

Seja como for, em regra seus detentores se utilizam da mesma como um equivalente a título da nobreza e chave que tudo abre – quem sabe, trator que abre caminhos e atalhos à força.

A Pompa.

Pompa implica orgulho, luxo, ostentação; é deslumbramento, desejo de glória e amor ao suntuoso.

Às vezes, seus adeptos se utilizam do espetáculo cheio de cores; o poder e o orgulho, sempre, seus amores.

É claramente um meio de afirmação e de fascinação sobre dominados, além de regra de etiqueta necessária para a aceitação entre outros "iguais".
Deste modo, ela altera as verdadeiras relações, pois coloca um humano distante dos outros, como se aquele ascendesse a um patamar mais elevado – tal qual trono ou altar –, exatamente o que é buscado pelos que a vestem.

É uma técnica de HIPNOSE VISUAL.

Talvez tenha tido sua utilidade na História da humanidade, mas não cabe nos dias atuais.


O Resultado.

Egos inflados, vestidos de TOGA real – sedutora para si próprio e hipnotizante para as massas.

Psicologicamente, o povo se deixa dominar por um "estigma da fascinação", que aceita e, até, reverencia uma suposta casta superior que habita o palácio da realeza; já os que ascenderam ao Olimpo e vestiram a toga se deixam dominar pelo poder que auferiram.

Assim se forma um povo fascinado pelo brilho palaciano, e uns poucos humanos que se sentem elevados a outro patamar, o crème de la crème dos filhos da terra, merecedores de todos os privilégios e reverências.
Muitos deles acabam construindo – a um nível subconsciente – uma excessiva e deturbada noção de auto-importância, acreditando-se realmente especiais e incorporando esta nova auto-imagem ao seu modus operandi.
É do conhecimento popular que se tornar rico e poderoso é passaporte para as facilidades ofertadas por legiões de puxa-sacos, por assediadores com interesses escusos, e por pares ao reconhecer um "igual".

Os togados se apropriam, estimulam e se sentem bem com a autoridade "superior" obtida através do poder (um grande e doce amor) e buscam demonstrar uma altivez que não lhes pertencem; o ar de orgulho e soberba por se acharem acima dos reles mortais resplandece em um indisfarçável olhar de lânguida indiferença, mas pelos buracos de suas ricas vestes escapa a frívola superficialidade.

Exemplo de arrogância e preconceito  – expresso na fala e no olhar – encontrados em "autoridades" desde que o mundo é mundo.
Eles – os famosos poderosos e abastados deslumbrados – se acham uns aos outros na high society e círculos de poder, se reconhecendo como iguais, apoiando um ao outro para que juntos construam muros e, cada vez mais, se distanciem das "gentes diferenciadas" (Brasil, 2014).

As "castas superiores" se amam e se protegem!

(Um segredo: eles tem medo do povo!).

Brasil.

Assim, neste país reinam os pomposos maquiavélicos desde sua descoberta:
  • Um juiz manda prender a agente que rebocou seu carro; outro perde o voo e manda prender funcionários da empresa aérea;
  • Um formado elitoso grita "SOU ARQUITETA!!!!" para o policial que a parou no trânsito;
  • O pastor que abusa da ignorância de seus fiéis, achando-se, ele próprio, acima do bem e do mal, auto-investido e aceito pelos crentes na condição de "canal particular de Deus";
  • E o caso do juiz que processou o porteiro para que este fosse obrigado a chamá-lo de doutor? Não, ele não tem o título de doutorado;
Policial espirra spray de pimento em criança em protesto de desabrigados da chuva (Niterói, 2011). 
Uma farda, e já tem tapa no "neguinho da periferia"; e ai de quem enfrentar: periga não acordar!
Mas uma farda é peixe pequeno na hierarquia dos egos togados –  lembremo-nos, pois, da pomposa arquiteta!

E mais um milhão de exemplos reportados, dentro de um universo infinitamente maior que não vieram, não vem e nem virão a público, a todo tempo, em todo lugar – sempre com pessoas (desprovidas de toda pompa) humilhadas, injustiçadas, feridas – e cada vez mais perdidas em sua própria "pequenez".

Neste País, quem tem não tem nem título nem diploma,  mas possui poder e/ou dinheiro, é "coroné", ou até vira "dotô" na boca dos lacaios lambe-botas – quase uma autoridade!

O perigo é se acharem realmente superiores.

E o ego togado quer sempre mais poder e riqueza; nada o satisfaz, não existem limites. Deseja viver em meio à pompa e ao luxo – haja vista a corrupção milionária insaciável e a construção de palácios suntuosos com o dinheiro público para que reinem os governantes, juízes e legisladores.
Enquanto o judiciário se preocupa em construir prédios majestosos, os processos se acumulam, como é sabido.

A Solução.

Diante deste quadro, só há uma solução:

Que nos desvencilhemos de toda pompa!

Pelo fim dos doutores reverenciais, excelências insaciáveis e santidades hierárquicas;
Pelo fim das togas, coroas e títulos excelentíssimos;
Pelo fim dos privilégios, dos carteiraços, do "você sabe com quem está falando?".

Que seja condição sine-qua-non o primor pela eficiência e a austeridade, pelo foco no bem-estar da população,  pela responsabilidade com os poderes outorgados e desejo incessante de que avancemos como povo e nação.

Que todos sejamos iguais em humanidade. Olho no olho, à mesmo altura – independente do cargo, da riqueza e do poder. Que se obtenha qualquer autoridade somente pela via do respeito e do exemplo.

E que ela venha para servir!

É Esta Uma Utopia?

Pode imaginar, caro leitor, como seria um mundo sem a elite dos pomposos togados? Difícil até de formular cenários e referências, não é mesmo?

Mas sim, existem exemplos! Veja os políticos e juízes da Suécia (g1.globo.com), que "ganham pouco, andam de ônibus, cozinham sua própria comida, lavam e passam suas roupas e são tratados por "você"".


Conclusões Que Se Podem Tirar.

Em um olhar justo, no serviço público – políticos, juízes e presidentes inclusos – ninguém deveria se considerar dono de nada; ao contrário, deveria se enxergar em um sacerdócio com uma missão nobre e com enormes responsabilidades – investido de algo maior que eles próprios.

A verdadeira autoridade – desde aquela necessária para a criação dos filhos – se constrói com respeito, igualdade e justiça. Ninguém tem o direito de olhar outrem "de cima". Há que haver o olho-no-olho em atitudes multilaterais de igualitária simplicidade.

A força da lei deveria ser maior ainda para os que se utilizam do poder adquirido  para corromper a investidura de sua posição, pois além de corruptos, são covardes.

Mas cuidado! O poder pomposo, dependendo do nível de patologia, fará de tudo para manter sua realeza – até matar milhões, se preciso for.

Acredito que esta utopia para os dias atuais será a norma em um futuro nem tão distante assim.
Por enquanto, lutemos por mais Democracia, igualdade, acesso, transparência, responsabilidade com a coisa pública, amor ao Brasil e respeito para com todos os cidadãos da Terra.

E tudo isso passa, inexoravelmente:

Pelo fim de toda pompa e seu mundo de egos togados!

EdiVal
09/04/2015

P.S.: Este texto é um elogio à elegância pacificadora da simplicidade nas relações humanas.

domingo, 5 de abril de 2015

Nem Uma Criança Com Fome!

Nem uma criança passando fome.
Nem um ser humano deixado para morrer na porta do hospital por ser pobre.
Nem um cidadão brasileiro preso às correntes da miséria.

São estas pautas que valem toda a pena lutar, pois nenhum outro tipo de Brasil pode ser considerado.

Não, não é possível imaginar-se vivendo em um país que permita tais fatos desumanos por uma crença de que que a vida se resume ao capital, que o que vale é a lei do mais forte, da "meritocracia", e da "seleção natural", deixando o direito ao pleno desenvolvimento dos seus entregues a um reles evento de sorte que é o nascer ou não em família abastada e sã.


Também é sórdida uma sociedade em que pessoas repletas de potenciais tenham que gastar todo o tempo e energia de uma vida para a sobrevivência pura e simples, vendendo a força de seus músculos e sua dignidade em subempregos, enquanto poderiam estar crescendo em escolas e instituições onde construiriam a capacidade de ser dezenas de vezes mais produtivas para si, para a sociedade e para o país – se assim desejarem.

É a escravidão disfarçada na forma do trabalho extenuante e mal remunerado e imposta de cima para baixo; ali não há futuro – apenas pequena sobrevivência.

Nenhuma ideologia ou sistema político/econômico estará correto se admitir tais condições.
A História nos mostra a face mais dura deste modo de pensar em milhões de cadáveres e bilhões de seres humanos sequelados física e psicologicamente, encarcerados na prisão de sua própria miséria.

Não, não se pode considerar tal admissão!
É o holocausto diluído no tempo de uma vida, é o sangue dos pobres sobre a terra.
Vale a pena lutar um mundo sem tais feridas!

Não concorda, acredita ou interessa?
Então lhe darei um tempinho vivendo a vida destes, dentro da experiência da dor que desdenha – e aí voltarei a lhe questionar.
Viver o que sente o outro não é opinião: é vivência transformadora!
Se eu pudesse... daria ao opositor a experiência da dor que, superficialmente, desmerece.

As experiências que acredito como naturais na sociedade em que vivo devem sobreviver à ideia de um filho meu sendo colocado para vivê-las também.
Não somos máquinas, e viemos ao mundo para sermos felizes.

TODOS!

O Brasil já viveu a fome intensamente (Betinho era nossa consciência); já produziu incontáveis flagelados da seca (3,5 milhões de mortos só na seca de 1979-84).
Hoje a realidade do País é outra, pois os eventos onde miseráveis em massa protagonizam cenas deprimentes não existem mais.

Contudo, a construção de uma sociedade verdadeiramente justa passa pela proteção individual e localizada dos cidadãos, pois, como foi exposto, nada menos que:

  • nem uma criança passando fome;
  • nem uma mazela sem cuidados;
  • nem uma mente brilhante sem ter um caminho possível para sua plena expressão.

Por isso devemos todos lutar por um país e um mundo de justiça social, de riqueza compartilhada (pelo menos ao nível das necessidades básicas), da Educação de qualidade para todos e de uma economia inclusiva e sustentável.

Veja: se for um direito daquele que, agora, se enquadra, também será um direito seu, no sentido que, se no futuro por acaso a vida for dura com você e também vier a necessitar, poderá usufruir das proteções em vigência, obtendo o mínimo para sobreviver. Você e os seus.

Se é um direito de todos, porque o ódio?

Não, não sou a favor de igualdades forçadas, de padronizações, de explorações de quem produz.
Sim, sou a favor de se conquistar sonhos; de enriquecer e ser livre, de poder viver a vida que escolher. Também de respeitar isso quando se trata do próximo.

Mas não, não posso admitir um país que permita uma – UMA SÓ – criança sendo violentada em suas necessidades básicas e não recebendo o investimento necessário para se desenvolver plenamente, ou a dor da indiferença de um pai diante do recurso financeiro inexistente na hora da necessidade urgente.

Se quisermos, poderemos eliminar estas realidades sem que este ato impeça ou violente qualquer ideologia, direito ou liberdade.
É apenas uma concessão para não perder o que nos torna humanos!

Meritocracia? Não para justificar a desumanidade!

Isto não quer dizer, adversamente, que devemos ser condescendentes com comodismos e parasitismos. A máquina deve ser ajustada para evitar tanto quanto possível algo assim e, sapientemente, saber que casos pontuais irão acontecer – e que devem ser punidos apenas deste modo: individualmente.

O Estado do capitalismo selvagem ou de caráter ditatorial permitem casos terríveis de desumanidade – mas não só! A corrupção, a sonegação, a ineficiência pública e os impostos mal aplicados também são hediondos, pois propiciam estas realidades.

Não nos permitamos viver num lugar assim, onde no cenário que nos é apresentado jaz a miséria humana, a tristeza da dor de ser esquecido, a condescendência para com um mundo vil.

Esquerda e direita, conservadores e libertários: sua ideologia não deve nem precisa permitir tal mundo!

Ter o mínimo para uma vida digna é direito humano, individual e coletivo.
Aquele que deseja mais, vai lutar para progredir, desenvolver seus talentos, empreender entusiasticamente, trabalhar duro (hard work)!.

Por isso é tão importante a Justiça Social e o amparo, sem preconceito e ódio.
Sua ideologia sobrevive à esta concessão, pode acreditar!

A vida é curta, mas aquilo para o qual você cedeu sua energia e sua vontade, o modo como viveu e aquilo que estimulou, ressoa na eternidade.

Não admitamos uma sociedade desumana, pois este é o único mundo em que vale a pena viver!

Abençoado o país em que o "menor" dos seus cidadãos – tal qual a "filha da empregada" – tenha a possibilidade real de alcançar tudo aquilo que deseja e tem potencial para ser, e não passe pela dor de ser abandonado e condenado a nascer, viver e morrer uma vida preso bem rente ao chão pelas correntes pesadas da miséria e da ignorância.

Não ao buraco negro do abandono!

Nem uma criança passando fome!
Nem um ser humano deixado para morrer por ser pobre!
Nem uma pessoa presa às correntes pesadas da miséria e da ignorância!


O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença” ―Érico Veríssimo


EdiVal
05/04/2015