quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Teu voto te faz grande

Teu voto, cidadão brasileiro de classe média, pobre ou rica, more você na periferia, na favela, nos confins do Sertão ou no recanto mais isolado da Amazônia, teu voto te iguala ao presidente da república!

Teu voto, pobre entre os mais pobres, te faz rico como os mais abastados.
Teu voto te faz milionário!

Teu voto, pós-púbere que não atingiu a maioridade, te iguala ao conselho dos sábios anciões.

Teu voto, mulher negra, pobre e excluída, tem o mesmo peso da madame secular dos Jardins.

Nas urnas, você se equipara às estrelas globais!

Na fila do voto, todos - ricos ou pobres, trabalhadores braçais ou intelectuais, empregados ou patrões - estão em igual condição perante a constituição, perfilados sem distinção.

Na fila da votação o dinheiro e o poder perdem sua majestade: todos são governantes do seu próprio sufrágio.

Uma pessoa, um voto!

E assim o vento da democracia oxigena a auto-estima daqueles aos quais foram negadas as riquezas de um país farto.

Una-se ao grupo que lhe representa, tal qual a fábula do feixe de lenha em que frágeis gravetos - facilmente dobráveis - se tornam inquebrantáveis quando unidos a vários outros iguais.

Seja parte do feixe que lhe parece, una forças no voto igual, e lute pelo que deseja e necessita, pelo que acredita!

Olhe para o exemplo retumbante do Brasil dos últimos tempos: a população da base da pirâmide, secularmente excluída, vem elegendo o dirigente-mor da nação, demonstrando o poder do voto em comunhão!
Assim, os proscritos desde o nascimento do Brasil - unidos na urna - se fizeram gigantes, e recebem os afagos dos candidatos.

É a máquina que torna todos iguais perante o motor da lei. Ela não conhece preconceitos, ignora as classes e cospe o futuro.

Teu voto é um tesouro e lhe pertence.
Faça-o brilhar, cuide com carinho.

E vote, com orgulho cidadão naquilo que iguala a todos brasileiros, sem distinção!


EdiVal

domingo, 12 de outubro de 2014

Onde está o champanhe para brindarmos com Betinho?

O Brasil da memória curta e insensibilidade aflorada não se deu conta, mas um dos dias mais relevantes de sua história acaba de acontecer:

16 de setembro de 2014.

Neste dia de extrema importância para a Paz e a Justiça, um relatório da Organização das Nações Unidas coloca o Brasil fora do Mapa da Fome pela primeira vez em sua existência!

Quem há de negar ser este um dia histórico para o País?




Um marco humano desta magnitude deveria estar sendo impresso no rol das mais significativas datas comemorativas brasileiras!

Mas não houve alarde, não houve festa.
Muito provavelmente, o ódio de classes em clima de eleição presidencial não permitiu, mesquinho que se revelou.

Não percamos a humanidade; não percamos a noção do que é importante na vida, na sociedade, no mundo.

O que houve conosco, o que houve com o Brasil?

ONDE ESTÃO OS FOGOS?

Se é assim...
Então celebremos nós, festejemos sozinhos, cantemos solitários!
Estouremos um champagne felizes e orgulhosos!
E chamemos Betinho, e também Josué de Castro e Dom Hélder Câmara – os paladinos da luta contra a fome no Brasil – para brindar conosco.

Para quem não sabe, ou não se lembra, Herbert de Souza – o Betinho – nos deixou em 1997. Sociólogo e ativista dos direitos humanos, passou um longo período exilado pelo regime militar. Retornou ao país em 1979, quando fundou o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). Em 1993 criou seu projeto de maior expressão: "Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e pela Vida", que trabalhava a favor dos pobres, excluídos e famintos.

Betinho e um dos seus pensamentos.
(Imagem da Internet, gostaria de identificar o autor para os créditos)

A fome sempre foi uma grande mazela e  motivo de vergonha em um país rico como o nosso.

Por isso, Betinho se moveu em defesa dos famintos e despontou em sua luta.
Sua imagem de extrema magreza – como se a própria fome morasse dentro dele – não saia das telas (de tubo) da TV, e agora faz parte do imaginário coletivo do povo brasileiro.
Pergunte para quem tem mais de 30 anos "– quem era Betinho?".
Faça isso, de verdade!

Ressuscite um pai da Pátria e dos pobres, esquecido no momento que deveria estar sendo homenageado por todos os poderes e cidadãos brasileiros.

Ele formou, juntamente com Josué de Castro e Dom Hélder Câmara, o trio de cavaleiros "anti-apocalípticos" que chamaram a atenção do país sobre a fome e miséria, colocando-as em evidência, lutando intensamente para que fizessem parte das políticas públicas.

Se estivesse vivo, provavelmente teria participado de perto do programa "Fome Zero" – o programa de maior sucesso no mundo na mitigação da fome aguda.

Prova contundente é o Nordeste, que está em seu terceiro ano de seca consecutiva e mesmo assim não se houve mais falar dos "flagelados da seca" – outro termo que permeou as telinhas do Brasil das décadas passadas.

Choque de realidade: na seca de 1979 / 1984, dados da Sudene mostram que morreram inacreditáveis 3,5 milhões de pessoas, especialmente crianças!

Estes fatos mostram que uma revolução aconteceu. É uma tecnologia brasileira que se espalha pelo mundo, com motivo de orgulho e alegria. Entre tanto belicismo, tantos conflitos, é nosso país que dá um dos mais belos exemplos de todos os tempos!

Viva Betinho, nosso Dom Quixote de la Mancha! – Ou melhor "ex-mancha", porque o país saiu do mapa da fome, mais límpido e rico.

E se esta mazela rondar novamente nossos irmãos, encarnemos os "3 cavaleiros da nutrição" para não permitir tal barbaridade – contradição das contradições em um país pleno de fartura e riquezas.

Tenhamos sempre em mente que cada pessoa do mundo que sofra fome nos torna menos humanos, menos merecedores de graça e de paz.

Não nos percamos em nosso pequeno mundo fastio!

Pegue uma taça e brinde conosco também!

E você, tem fome de quê?

“O desenvolvimento humano só existirá se a sociedade civil afirmar cinco pontos fundamentais: igualdade, diversidade, participação, solidariedade e liberdade” 

(Herbert José de Souza - o Betinho).
EdiVal
12/10/2014

sábado, 11 de outubro de 2014

A transposição do Rio São Francisco e as 500.000 Vidas Perdidas de 1887: Um Olhar Sobre a Seca, a Resiliência e a Redenção do Nordeste

A terra apresenta regiões onde o clima e o sistema de chuvas são bem característicos e marcados, levando a elas uma certa homogeneidade, caracterizando os biomas.

No nordeste do Brasil, por exemplo, floresce a caatinga: o único bioma exclusivamente brasileiro, apresentando um clima – denominado semiárido – que divide o ano em "estação das chuvas" e "estação das secas". Esta última – melhor denominada de estiagem – não é, absolutamente, a famosa "seca do Sertão", responsável pelo quadro desolador que vemos desde sempre nos noticiários.


A Caatinga
(imagem em http://www.mma.gov.br/biomas/caatinga)
A verdadeira seca – longa e devastadora – se dá quando a estiagem invade a estação das águas, por um ou vários anos, com baixa ou elevada intensidade, abrangendo apenas parte do sertão ou extrapolando-o. É chamada tecnicamente de seca climatológica, recorrente na caatinga há muitos séculos.

Dentro desta dinâmica agressiva, espécies evoluem ou são extintas, se adaptam ou morrem. Indubitavelmente, um lugar que apresenta estas características depende de seres altamente resilientes e adaptados para seguir habitado.

O sertão e os sertanejos há muito sentem na pele esta realidade, e tem sobrevivido: periodicamente, com a seca murcham e com as chuvas renascem, vigorosos e produtivos, devido à força de uma genética selecionada, à persistência e ao conhecimento acumulado dos que amam seu chão e na sua terra querem ficar.

Por isso se diz que o sertanejo é um bravo; por estes motivos, o sertão sempre enche de esperança os seus de que tudo vai, sempre, melhorar.

Não há como refutar Euclides da Cunha: a vida na caatinga é mesmo para os fortes!

Mesmo assim, há que se dizer: a história registra momentos difíceis e nada poéticos.

O mais dramático destes momentos foi a grande seca de 1887-89, onde se registrou a morte de inacreditáveis 500.000 pessoas, e a soma de 2 milhões de flagelados. Um recenseamento feito logo após estes dias catastróficos (1890), mostrou que o Brasil possuía uma população total de 14,3 milhões de pessoas. Portanto, mais de 3% dos brasileiros da época pereceram nesta seca, o que corresponderia hoje, proporcionalmente, a quase 7 milhões de mortes em agonia!

É possível imaginar tamanha catástrofe?

Desde aqueles dias, se registraram muitas outras secas marcantes na história nordestinaContudo, quero chamar a atenção particularmente para o período de 1979 / 1984, em que ocorreu a mais longa e abrangente seca da história documentada do Sertão, onde, segundo dados da Sudene, se registrou, novamente,  um número inacreditável de mortos: 3,5 milhões de pessoas – especialmente crianças – devido não só à fome e à sede agudas, mas também à doenças advindas da desnutrição. 
Vale o destaque: 


TRÊS MILHÕES E QUINHENTOS MIL SERTANEJOS MORTOS! 

Como se vê, quase um século depois o quadro das vidas secas ainda predominou no cenário sertanejo. 

Se esta foi a parte mais triste desta tragédia, existe uma mais sombria; a tristeza se transforma em revolta com o fato de que o dinheiro que o Governo Federal enviava para auxílio dos flagelados desta tragédia praticamente desaparecia no caminho, indo irrigar bolsos malévolos e não chegando aos necessitadosSim, meus caros compatriotas: muita gente enriqueceu às custas de milhares de mortes agonizantes, principalmente de crianças, como foi dito. 

A face mais triste da raça humana se revela neste episódio...

Assim, uma questão emerge ao se lançar um olhar para estes fatos históricos: existiria a possibilidade de uma seca da magnitude da de 1887, com tão trágicas consequências, voltar a acontecer? Quanto tempo o sertanejo, hoje, poderia resistir? Porque não se houve mais falar em flagelados em uma gravíssima seca de 3 anos?

Enfim, o que mudou das secas passadas para as atuais? O que foi feito e o que deve ainda ser realizado?

Atualmente, a situação climatológica não é nem um pouco melhor. Desde 2012 a região vive, novamente, uma seca persistente, amenizada aqui e ali por chuvas localizadas. Já são mais de mil municípios em estado de emergência (2014).

Algumas conclusões podem ser feitas com base nos dados acima e em outros estudos. A primeira é que, indubitavelmente, qualquer país que deseja ser justo e se desenvolver não pode deixar prevalecer um ciclo "hidro-ilógico" em suas terras, ilustrado na figura abaixo:

Representação do ciclo hidro-ilógico, de autoria do climatólogo Donald Wihite
(Figura obtida no trabalho “Gestão adaptativa para um mundo em mudança – segurança hídrica e gestão de riscos” de Francisco de Assis Filho - UFC).
Outra conclusão inevitável é a de que o sertão nordestino e seu povo possuem, entre muitos valores, um alto grau de resiliência – termo este que define a capacidade de pessoas e sistemas de retornar a uma condição anterior ou de se adaptar, se necessário, a novas realidades, após a ocorrência de situações muito críticas (destrutivas e/ou disruptoras), como é o caso das secas prolongadas.

Contudo, um olhar sobre o caso clássico da região nordestina mostra que somente esse valor não basta. Levando-se em conta todas as potencialidades humanas – físicas, cognitivas e econômicas – vê-se que esta resiliência sempre teve um caráter de pura sobrevivência e, apesar de adaptado às duras condições do semiárido, o sertanejo pagou um alto preço para transpassar vivo a seca: a miséria, a fome, a desnutrição e o subdesenvolvimento físico/cognitivo/econômico correspondente, construindo um círculo vicioso que, junto com a seca natural, sempre impossibilitou que o sertanejo saísse no mesmo patamar desta condição natural negativa (seca prolongada). 

É a seca socioeconômica, é a resiliência "a menor".

Deste modo, no sistema que prevaleceu por muito tempo e que ainda se vê (em menor grau) – chamado sob determinadas condições de "indústria da seca" – a sobrevivência teve um alto custo para as potencialidades humanas, impedindo-as de florescer. Enfim, uma resiliência de maior qualidade deve ser construída, onde, a exemplo de outros lugares no mundo com problemas parecidos e que conseguiram contorná-los, não exista apenas o caráter mínimo de continuidade da vida, permitindo que o crescimento da economia e a efervescência cultural não se interrompam mesmo no caso de secas prolongadas.

Esta nova resiliência "a maior" é possível para a região e altamente salutar para todo o país, contribuindo para este com todas as riquezas que o crescimento de um povo forte e criativo pode trazer. Não basta ter o básico para sobreviver, devendo-se buscar também o crescimento econômico e de saber, e que assim novas riquezas possam ser criadas e movimentadas.

Para que esta nova realidade – já há algum tempo em curso – se consolide, estou convencido da necessidade de se utilizar todas as soluções de caráter estrutural propostas até hoje, para que o líquido da vida irrigue todas as potencialidades. São elas:

Revitalização - Retenção - Gestão - Transposição.

Gosto de chamá-las de a "quadra redentora– tema este que será melhor desenvolvido em outro artigo.

As três primeiras são unanimidades entre as vozes, técnicas ou não ,que clamam ações; já a última – secularmente controversa – nem tanto.
Uma questão pertinente: é necessária a quadra, ou apenas o trio inicial (isto é, revitalização, retenção e gestão) daria conta do recado?
Os fatos que a história registra, os exemplos de outros países, e o quadro cada vez mais seco que se pinta para o futuro devido à novidade terrível construída pelos humanos, denominada de AQUECIMENTO GLOBAL, indicam que não se pode furtar de nenhuma destas soluções.

Sim, a tendência é que, por todo o mundo, as coisas fiquem mais difíceis na cada vez mais importante questão das águas. Já existem previsões catastróficas, como a possibilidade de secas que durem décadas para determinadas regiões do planeta! Leia mais no artigo “Assessing the risk of persistent droughtusing climate model simulations and paleoclimate data” (AULT et al, 2014 - Journal of Climate). Infelizmente, é altamente preocupante o porvir que se avizinha.

Este é um bom motivo para que se realizem todas as ações já identificadas como necessárias, mesmo com contraposições. Não só: arrisco dizer que, neste caso, se deve exercer o pessimismo e pensar em quadros bem ruins num futuro de médio prazo, e que se vá verificando desde já a viabilidade de outras transposições e de altos investimentos na retenção em escala nacional. 

Neste futuro possível, ninguém poderá se considerar dono das águas e, em muitos lugares, levar de onde abunda para onde carece será a única alternativa.

Por outro lado, mesmo diante deste quadro, ao se estudar o assunto da transposição do Velho Chico, vê-se rapidamente que esta opinião não é compartilhada por boa parte dos estudiosos e interessados no tema, que se contrapõe à transposição. Durante a maior parte da minha revisão sobre o assunto, este fato me causava certa perplexidade, pois meus estudos me traziam razoável certeza – a meu ver embasada – da necessidade desta obra.

Penso que, agora, com o tema maturado, consegui minha resposta: para esta obra ser aceita por vozes qualificadas e honestas em sua opinião, os investimentos nas outras três ações clamadas jamais poderão ser preteridos – o que, indubitavelmente, é uma causa justa, inteiramente verdadeira e absolutamente necessária, inclusive para se ter algo para transpor.

É este, concluída a transposição, o tema central que deve ser discutido quando se falar no sertão nordestino. Não se deve deixar fugir da mesa esta pauta, devendo estar sempre na mente dos que comandam o país, sob pena – se não houver este direcionamento – de comprometer nosso futuro como nação próspera. 

Cabe a nós vestirmos o uniforme dos “lembradores/cobradores”.

Por outro lado e para se fazer justiça, deve ser dito que muita coisa já foi feita. O nordeste atual não é o Nordeste do século XIV – e nem mesmo das décadas passadas. A possibilidade da ocorrência de mortes em massa foi contornada pelas obras já realizadas, pelos programas assistenciais do governo, e pela logística de socorro durante os períodos de longa seca. Por exemplo, a retenção permitiu o armazenamento de, aproximadamente, 70 bilhões de litros de água, conseguidos através do maior processo de açudagem do mundo, e foi concluído o projeto “um milhão de cisternas” em agosto de 2014. A transposição se completa no final de 2015, segundo as previsões.

É água suficiente para muitos anos de seca, e expansão de uma agricultura similar ao do Vale do São Francisco, gerando riquezas e empregos.

O que se conseguiu não é pouco, devemos reconhecer – ou sendo justo mais uma vez: é surpreendente! Entusiasticamente escrevo que não existe mais fome aguda generalizada, saques, êxodo. Sim, as políticas de combate e convivência com a seca mudaram a realidade nordestina, e também o nível de resiliência que é exigida. 
Mesmo que, neste momento, o clima não seja favorável e a seca, de novo, mostre sua cara, o Brasil está conseguindo dar a base necessária para que o Nordeste saia deste círculo vicioso de resiliência mínima e construa uma outra, mais positiva e abrangente: a socioeconômica – uma transposição de um patamar a outro em que a que está sendo realizada no Velho Chico é apenas uma parte.

Contudo, repito: daqui para frente uma nova etapa deve ser buscada (ou tudo não vai por água abaixo): toda a sociedade deve pressionar por um investimento massivo na revitalização e na gestão. A primeira ação garantirá que as nascentes, os rios e açudes não sequem; a segunda que a água chegue a todos os que dela necessitam. A primeira representa o futuro; a segunda o presente.
Que esta seca, agora assombrando também o sudeste, sirva de lição, e não caíamos, novamente, no ciclo hidro-ilógico! 

Em conclusão: é necessário (e sempre foi) que o Brasil atue fortemente em uma estratégia coordenada de combate e convivência com a seca, e que as lições dos tempos passados e do tempo presente não sejam esquecidas. O Brasil inteiro deve cobrar esta ação de todas as esferas de poder, pois dela depende o futuro que todos queremos: de abundância e crescimento sustentável para todo o país e a totalidade de nosso povo.

É esta a grande vereda da luta do semiárido – e, novos tempos, do país inteiro (vide São Paulo) – que ninguém pode ficar indiferente.

Para a região nordestina, acredito que no dia em que esta condição ideal de segurança hídrica para a região expressar sua totalidade, além de construirmos um país mais resiliente, todos poderemos ver uma explosão das potencialidades daquele povo e de suas terras: a expressão libertadora de toda energia acumulada através de séculos de mera – quando não falha – sobrevivência.

EdiVal
11/10/2014

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A boçalidade separatista no Brasil: quando o preconceito e o ódio se somam à estupidez

De vez em quando, ouve-se falar do desejo de alguns de dividir o Brasil em dois: tipo um Brasil do Sul, formado por São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do sul – e as vezes Minas gerais e Rio de Janeiro –, e o Brasil do Norte, que seria composto pelos outros estados "remanescentes".


Estou me referindo aqui aos que expressam um ódio profundo, desprezo e preconceito, direcionado a quem consideram inferiores: nordestinos, negros, índios e até mesmo judeus (mais algum grupo?).

Como os nordestinos, e até certo ponto negros e índios, se encontram locados na região Norte-Nordeste, que também são regiões mais pobres, estas áreas do território brasileiro possuem um grande percentual de protegidos por programas sociais governamentais; assim, também por este motivo, o Sul/Sudeste-maravilha gera manifestações agressivas constantes direcionadas à estas regiões e sua população a todo momento.

O que vemos nestes movimentos é o surgimento explícito de um novo demônio, uma nova possessão dos que se permitem odiar: a ira direcionada aos miseráveis que estão sendo assistidos pelo governo e ascendendo socialmente e que agora decidem eleições – isto é: TEM VOZ!


Luiz Carlos Prates: "qualquer miserável agora tem carro".

Olhem o que diz o camarada acima. Destilou ou não destilou a miserabilidade da alma?
Fernandinho HC também se manifestou (bem à la Prates), e disse que o voto no atual governo é o voto dos "menos informados".

É um ódio irracional, absurdo. É o ódio pelo ódio, pois não existem motivos históricos ou humanos para tal sentimento. Não quero aqui dissertar sobre as origens e causas do ódio, meu desejo é apenas mostrar como é estúpido expressar desejos separatistas neste País tão belo e rico – a mais legítima expressão da idiotice e da falta de visão (mesmo capitalista).

Talvez fosse o caso de lerem a fábula "a galinha dos ovos de ouro"... (já já veremos porquê).

Tive de vir aqui e me posicionar acerca destas coisas pois, devido à polarização das eleições de 2014, manifestações vis de preconceito em estado bruto pipocaram no Brasil, via rede mundial de computadores.
Houve – pasmem! – sugestões inacreditáveis diversas, desde jogar bombas atômicas até a esterilização em massa nas regiões Norte-Nordeste, motivadas por uma preferência destas regiões nas eleições presidenciais (2014) por uma candidata de esquerda, atual governo, que tem como um dos pontos fortes o investimento na camada mais pobre da população.

Tanto que neste mesmo ano, o Brasil saiu do mapa da fome da ONU (eu vejo Betinho sorrindo, emocionado).

Pelo ódio irracional, estas pessoas querem dividir, rasgar, separar, isolar – diminutivas que são.

Tudo bem, todos tem o direito de odiar (já que o ódio pertence à sua alma) desde que guardem dentro de si tal sentimento (e que se envenenem por ele e sejam corroídos, em uma autofagia do ódio, até que só sobre a humanidade – e assim se reciclem como seres humanos compartilhando o mesmo chão que outros iguais).

Sabe-se que os sentimentos intensos embaçam a visão, obnubilam o raciocínio, matam a capacidade criadora. Só pensando assim para poder entendê-los, pois nenhum brasileiro em sã consciência desejaria separar qualquer região que seja do país (bah! Mas nem mesmo um bocadinho, tchê).

É irrefutável que cada pedacinho deste chão privilegiado guarda riquezas humanas e naturais inestimáveis! Que cada estado é um negócio de trilhões de dólares, que cada povoado é uma fonte humana de criatividade e engenhosidade, com todo potencial de nos surpreender, orgulhar e gerar mais riquezas.

Vejamos alguns dados:
O Norte possui a maior reserva de água doce do mundo, a maior floresta, e a maior riqueza em biodiversidade, além de imensos recursos minerais – como as que estão na Serra dos Carajás e Oriximiná – podendo-se citar ferro (o mais puro do mundo), níquel, cobre, ouro, manganês, bauxita, estanho, e muito mais.
Ainda se escondem lá riquezas incalculáveis não descobertas, "submersas" no imenso mar de clorofila da floresta amazônica. Na Amazônia está o futuro!

E a nós pertence, privilegiados que somos!

Ao se perder o Nordeste, perderia-se também a maior fonte de sal marinho e de gesso, e jazidas de granito, tungstênio, scheelita, tantalita, berilo e pedras preciosas e semipreciosas, além do calcário necessário à produção de cimento e fosfato.
Perderia-se também mais de 30% do petróleo e do gás nacional.

Quem em plena posse de suas faculdades mentais esnobaria tais riquezas?

E os pomares padrão exportação na área do vale do São Francisco? O Nordeste tem o potencial de ser a Califórnia brasileira!

Iria para o espaço também a região com maior riqueza cultural do país, abriria-se mão das mais belas praias do Brasil e de um potencial turístico gigantesco (tchau tchau Fernando de Noronha!).
Está lá também o maior potencial eólico e solar (o futuro da energia limpa).

Vou parar por aqui, senão vão ser páginas e páginas de tesouros sem fim...

Ah, jamais se poderia esquecer das riquezas humanas!
Vou ajudar: quem em sã consciência não desejaria ser da mesma nacionalidade que Chico Anysio, Renato Aragão, José Wilker e Vagner Moura? Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil? E o orgulho de pertencer ao mesmo pais que Jorge Amado, Ariano Suassuna, Clarice Lispector e Rachel de Queiroz?
João Gilberto, Gregório de Matos e Manuel Bandeira?
Glauber Rocha, Ferreira Gullar e Rui Barbosa (o Águia de Haia)?
Clóvis Beviláqua, José de Alencar e Marechal Deodoro da Fonseca.? Assis Chateaubriand e João Cabral de Melo Neto?
Adib Jatene? Chico Mendes?
Os geógrafos de maior impacto no mundo, Milton Santos e Josué de Castro? Josué mudou a maneira como o planeta enxerga a fome, um verdadeiro merecedor de um Nobel da Paz.
Mário Schenberg, o físico teórico mais importante do Brasil?
Paulo Freire, um dos maiores pensadores da história da pedagogia mundial?
Nelson Rodrigues, talvez o maior dramaturgo brasileiro?

E muitos outros nomes Ad infinitum!

Então, caro leitor, se você soubesse de um povo que abriu mão disso tudo – sem fortes motivos ideológicos, históricos ou religiosos para tal – o que teria a dizer sobre ele?

Não, não precisa falar, e eu não vou escrever aqui para não ofender os que expressam tal bur... insanidade, combinado?

EdiVal
(09/10/2014)

terça-feira, 7 de outubro de 2014

VOTE, caro eleitor, VOTE

Brasileiro, vote.

Quando chegar a hora da festa da democracia esteja lá, de título na mão.
Deposite o seu pensamento e desejos na urna e altere o número que aparecerá nos resultados finais.
Faça isso, se mexa, azeite o mecanismo, coloque seu dedo lá.

Vote para exercer sua cidadania - mas não só!
Deposite sua confiança em quem se aproxima de seus ideais, de sua imagem de futuro, de sua visão de mundo.

Mesmo não sendo 100% representado pelas propostas, pelos candidatos, vote.
Mesmo desiludido, vote.
Mesmo contrariado, vote.
Vote triste no "menos pior", se nada do que é oferecido lhe aprouver.
Vote pelo detalhe, por uma simpatia sem lógica, pela intuição - se assim necessário for.

Mas vote!

Rode a roda da democracia só para ver o movimento e para que, neste giro, as coisas aconteçam - esperando que seja para melhor, mas sem traumas se não for assim - e que deste modo tenhamos a oportunidade de evoluir e de crescer através da experimentação e do acontecer.

Voto branco é oportunidade perdida.
Voto nulo é o vácuo de democracia.

Testemos as ideias, os projetos, os candidatos.
Participe de perto! Siga seus elegidos! Cobre!
Assim poderemos ter mais certezas, capacidade crítica, intuição.

Só desta maneira - ativos no movimento da vida política - é que a sociedade e a nação poderão crescer em todos os sentidos.

Vote, caro brasileiro, vote! 




EdiVal - 2014

Um pequeno olá aos diminutivos separatistas do Sul-maravilha

Para efeitos deste texto, os diminutivos de que fala o título adjetivam os brasileiros que se consideram uma “elite” moradora do Sul-Sudeste.

Veja o post abaixo, motivador desta e de outras reações indignadas por aí:


Absorva a fala do jornalista Paulinho-esclarecido-sem-preguiça. O que acha desta joia da fraternidade? 
Não podemos ver, através de tão belo texto, como essa elite sulista é linda, maravilhosa, puro-sangue azul da nobreza diferenciada?
O sustentáculo laborial deste País, o bastião da produção nacional e sustentadores de uma horda de indolentes que parasitam-nos, estes “pobres e incansáveis trabalhadores”?

Já que eles acham que se deve cortar o Brasil pela metade, vamos chamá-los de “inhos”?
Nada mais justo! A parte que antecede o sufixo "-inho" fica lá na banda de cima, isolada das maravilhas do Sul. Fica assim: "sul/inho". 

Quem disse foi o "paul/inho"! (E ele fez este post na casa do Pedrinho, se é que me entendem...).


Ficou claro que são os melhores, os mais bonitos, os mais inteligentes? Jamais serão como aquela “gentalha” que vive na "banda de cima". Gentalha! Gentalha! Gentalha!

Verdadeiros “pica das galáxias” da nação brasileira!

Assim, o movimento "inho" defende separar o joio do trigo, isolar os infiéis, limpar essa terra e criar um país só para o crème de la crème do Sul e Sudeste.

Como dividir é diminuir, são diminutivos literais – "inhos" ambulantes!

Será que pensam apenas geograficamente, ou também coça a ideia de concentrar este “pov/inho” "das regiões de cima" em regiões cercadas e vigiadas, como já aconteceu no passado do Mundo e mesmo da região em secas vetuscas? É melhor não dar a ideia... (pesquise no Google por "campos de concentração no Sertão Nordestino").

Estimulam e alimentam o ódio e o preconceito, que está explodindo os dias atuais e tornando o mundo muito pior.

São, assim, apequenadores, excludentes e desagregantes;
Divisores, preconceituosos e arrogantes;
Subtrativos, elitistas e intolerantes.

É uma “inhazinhação” de dar dó: "meu dinheiro", "minha propriedade", "meu pequeno mundo perfeito"!

Ah, e tem também o fernand/inho, que acabou de comentar sobre os pobres que não votaram no PSDB: “todos mal informados” – disse em uma entrevista com blogueiros.

Pobres destes pobres... além de preguiçosos, ignorantes!

Pobreza total... ui!

Algumas palavras necessárias para estes tempos de polarização: a maioria absoluta dos que moram na região referida (Sul-Sudeste) – incluindo-me, obviamente – discordam em gênero, número e grau do que pensam os "inhos", e rechaçam incondicionalmente tal pensamento pequeno. 

Peço perdão em nome de todos aos irmão brasileiros da região referida. E não sintam raiva dos "X/inhos", pois é de dar pena alguém que compartilhe tal pensamento. 

Não deixe os "inhos" invadirem seus corações e mentes.
Não agridam, não ataquem. Se defendam com argumentos e serenidade. 
Se for caso de crime de preconceito, acionem a justiça.
Evitem o ódio e cultivem, sempre, a paz! 

Caso contrário, estaremos construindo um país que não vale a pena.

Somos todos cidadãos do mundo vivendo na porção de terra chamada Brasil.
Somos todos irmãos.

EdiVal
07/10/2014
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Atualização pós-eleição:


Muito bem, rodriguinho, clap! clap! (ironic mode!). Talvez deseje chamar este Brasil do Sul de Nova Constantinopla? 

Romeu Tuma Jr. propõe muro para dividir País em duas partes

"Vamos respeitar os eleitores do PT e mandar a Dilma só para eles", disse, mostrando a imagem abaixo:


O romeu/zinho quer a Juliete só pra ele, vamos respeitar!
E esta: 

É regin/inha, Pimenta no acéfalo dos outros é refresco!

Coronel Telhada:


Coro neles, telh/inha? Nós estamos vendo a ordem que segue o governo paulista. Tenho medo pelos nordestinos que a PM do estado se deparar...

Outros inhos:

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/10/auditora-fiscal-e-denunciada-apos-propor-uma-bomba-atomica-nordeste.html
https://www.facebook.com/paulinho.navarro.7
http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2014-10-07/comunidade-medica-prega-holocausto-no-nordeste-em-campanha-contra-dilma-na-web.html

domingo, 5 de outubro de 2014

Apresentação do TerraBrasil.

Olá a todos que chegaram a este blog. Bem vindos!

Este espaço na websfera vai falar do Brasil, vai falar do mundo.
Melhor dizendo, minha visão destes espaços, e da sociedade que cresce em cima deles.

O que vai rolar aqui? Acho que um pouco de tudo, mas aí vão alguns direcionamentos:

Considero o mundo meu lar, e todos os filhos da Terra, meus conterrâneos. Minha visão é universalista, mas não esqueço da terra onde nasci, cresci e estou vivo.

Sou um cidadão do globo terrestre (civis orbis terrarum), vivendo na porção de terra chamada Brasil.

Sou, enfim, um terráqueo da Terra Brasilis - um terrabrasileiro!

Tento, dentro de minhas limitações, pensar em um mundo sem fome e sem miséria, com acesso de todo "civis" a um mínimo de suas riquezas e do conhecimento acumulado pelos seres humanos.
Sou favorável à liberdade, à democracia. Contudo, penso que os ultra-extremos são deletérios e fazem do mundo o que ele é hoje.

A Ciência é uma joia da humanidade - a menos pior criação humana.
A melhor religião, ou espiritualidade, ou diretriz interna "superior", é ser fraterno, é cultivar bons sentimentos, é buscar crescer em todos os sentidos.

A verdadeira devoção, ou cidadania planetária, se materializa em fazer coisas boas, em não ter preconceitos e pré-conceitos, em buscar um mundo melhor para todos. Ainda, a sustentabilidade, a ecologia e a igualdade de oportunidades trazem, a meu ver, a possibilidade de um futuro melhor, de que o amanhã exista para nós como espécie.

Aos poucos, vamos nos lapidando e nos transformando em um povo melhor .

É nisso que acredito.

Um abraço apertado!



Fraternalmente,

EdiVal
(05 de outubro de 2014)