Foram estas as derradeiras palavras de uma criança injustiçada; pobre alma que sobre si, antes do último suspiro, viu seu carrasco e levou a imagem consigo para a outra vida.
A frase, dita na hora da morte por mais uma criança pobre morta por policiais despreparados, sintetiza todas as dores carregadas de perplexidade dos excluídos, dos "favelados". Condensa cada atropelo dos direitos e da dignidade humana por parte dos "mais fortes".
Pode ser também o último grito da periferia, a derradeira (in)justiça imposta aos fracos, o quadro final dos pobres pintado com dor e covardia.
Douglas Rodrigues, 17, não reagiu à abordagem dos policiais.
Sua mãe conta, em uma entrevista ao SPTV, da Rede Globo:
"Ele acordava todo dia às 4h30 para ir trabalhar. Voltava, tirava uma sonequinha e ia para a escola", lamentou. "Ele ainda perguntou: 'Senhor, por que o senhor atirou em mim?' Nem ele sabe por que tomou um tiro", disse. "Eles [policiais] não sabem a dor que estou sentindo", desabafou.A morte do "neguinho da favela" é muito diferente do riquinho dos Jardins - que, para começar, nunca morrerá por este meio, e jamais sentirá a dor destes pequenos.
Ao contrário: você sabe com quem está falando?
É a diferença entre o "Estudante preso com droga" e o "Traficante preso com droga" das manchetes dos jornais. E não, não era o caso de Douglas, um menino batalhador.
O dedo dos algozes é rápido quando segura uma arma contra um pequeno.
O pequeno poder é o mais covarde de todos!
EdiVal
08/12/2016
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