sábado, 24 de dezembro de 2016

O Estoicismo que Cabe aos Pobres neste Latifúndio

Brasil, terra de concentração de chão e riquezas, eterno latifúndio de possibilidades e sonhos.

Do céu se vê o quadro de pontuais e majestosas torres dos ultra-ricos ("os verticais"), explorando pequenos casebres miseráveis espalhados ao seu redor ("os horizontais"). As torres tem a bomba sugadora e o raio retificador, roubando para si a luz dos pequenos para que estes não enxerguem a triste realidade de sua própria condição, conduzidos por um facho planejado de luz acinzentada.

A estes pobres, resta apenas o recolhimento à sua própria insignificância ensinada, e a aceitação resignada do destino, inseridos, sem saber, em um grande plano de estoicismo conduzido.

Como pensar além se nascem e vivem sem ser iluminados pela luz das ideias libertadoras e sem alcançar, através de uma educação significativa, o pensar mais profundo que os possibilitaria enxergar o quadro da injustiça vivenciada no dia-a-dia?

Os pobres são os estoicos inconscientes; é a resignação planejada!

A pobreza – de prata e conhecimento – é uma corrente que aprisiona os miseráveis a seus "verdadeiros lugares" – e uma venda negra que obscurece qualquer possibilidade de enxergar-se explorado.

Os que levantam a voz – sem terras e moradia, ecologistas, universalistas ou escravos  são castigados e dizimados a mando dos senhores da terra, das tentaculósas corporações e dos grandes engenhos, como solução final exemplificadora, para que todo rebanho se mantenha sempre sob pastoreio direcionado.

As ideias, estas eles sufocam perfurando as cabeças daqueles que as produzem!
O medo e a ignorância, assim, sobrepõe-se à qualquer possibilidade de dignidade e justiça.

Onde há elitismo sanguessuga desaba a classe dos sem-nada, roubados até mesmo do direito de ouvir o grito de sua própria voz!
É o estoicismo imposto pela mão forte e cruel que esmaga, e que subtrai a luz dos pequenos!

É a vida segue conformada desde sempre por este latifúndio.

EdiVal
24/12/2016

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONSERVADORISMO NA SOCIEDADE ATUAL

É difícil definir o que é ser "conservador".

Vê-se na frenética sociedade atual que muitas pessoas se autodenominam conservadoras.
Mas rapidamente me surge a seguinte questão: adeptos de qual conservadorismo?

O que eles querem, pensam e tem medo, afinal?

Há que se pensar: em nome desta postura, muitas sociedades foram a favor de escravidão, da evangelização forçada, da segregação racial; mesmo hoje, sociedades continuam atuando neste sentido, ao matar mulheres que fogem das regras, ou permitindo que velhos se casem e violentem crianças indefesas.
No Brasil são muitos exemplos, como a sociedade conservadora que existia no sertão nordestino, lado-a-lado com o coronelismo, e que viveram como reis ao sugar a vida e os recursos de milhões de flagelados da seca.

O que eu quero dizer com os exemplos negativos colocados acima é que não devemos confundir conservadorismo com elitismo, pois estes só querem a manutenção de seu poder e status a qualquer custo; também não devemos confundir conservadorismo com opressão, fascismo, ditadura (de direita ou esquerda, liberal ou conservadora) e outros egoísmos radicais.
Contudo, para melhorar a conversa, devemos deixar fora deste olhar os "ultra-conservadores", pois carregam o mesmo mal que cola em qualquer fanatismo ou radicalização.

Tentando reproduzir aqui a imagem que construí em minha mente para os adeptos desta postura de vida, podemos dizer que o conservador reage mal às mudanças rápidas, são céticos, desconfiados e facilmente se sentem desconfortáveis em uma sociedade "cujos movimentos seus olhos mal podem ver". E não há nada de mal nisto!
Aliás, são indispensáveis como parte do equilíbrio de uma sociedade.

Respeitam como necessidade a figura da autoridade, das instituições, de seu Deus, da moral vigente, procurando seguir as regras e respeitar o tempo das coisas.

Conservadores podem ser nossos pais, amigos, amantes e filhos. Pode ser alguém que admiramos e amamos profundamente.
Pode ser a peça fundamental de muitas engrenagens.
Pode ser o fiel da balança!

Aos progressistas: quando vivermos em uma sociedade justa, sem miséria e sem que os trabalhadores tenham de vender seu trabalho, tempo e saúde por um salário de miséria, ou em uma sociedade que garanta moradia,educação e saúde universais de qualidade, você não será, também, um feliz conservador em paz com sua consciência?
Aos conservadores: uma sociedade sem quadros de miséria e necessidade, também não lhes desce melhor?

Afinal, todos nós – conservadores ou progressistas – não desejamos um mundo que caminhe em direção ao caos, seja ele social ou ecológico.

O pesadelo de um conservador são as rupturas abruptas e as revoluções!
A de um não-conservador também deve ser, pois revoluções podem ser de qualquer tipo.

Em um outro ponto de vista, para muitas pessoas um conservadorismo multi-abrangente só é aceitável em uma sociedade justa e humana – e isto é uma postura razoável!
Em uma sociedade com estas características, serei eu o primeiro avesso às mudanças – mesmo às com boas intenções – pelo medo (em tudo, coerente) de desestabilizar o equilíbrio positivo tão duramente alcançado!

Que tal progressistas e conservadores estabelecerem um ponto comum, que é a construção de uma sociedade mais justa e sem quadros de miséria humana, onde crianças morrem ou tem seu futuro comprometido com a desnutrição? Vejo isto como perfeitamente possível!

Os mais afoitos acharão que tal condição é fácil de ser alcançada, desde que haja profundas e urgentes mudanças; os mais pessimistas pensarão em mecanismos mais lentos e controlados.

Necessita-se das duas posturas!


Crédito da imagem: http://www.pragmatismopolitico.com.br/

EdiVal
23/12/2016

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

PORQUE O SENHOR ATIROU EM MIM? O Último Suspiro dos Marginalizados

PORQUE O SENHOR ATIROU EM MIM?

Foram estas as derradeiras palavras de uma criança injustiçada; pobre alma que sobre si, antes do último suspiro, viu seu carrasco e levou a imagem consigo para a outra vida.

A frase, dita na hora da morte por mais uma criança pobre morta por policiais despreparados, sintetiza todas as dores carregadas de perplexidade dos excluídos, dos "favelados". Condensa cada atropelo dos direitos e da dignidade humana por parte dos "mais fortes".

Pode ser também o último grito da periferia, a derradeira (in)justiça imposta aos fracos, o quadro final dos pobres pintado com dor e covardia.

Douglas Rodrigues, 17, não reagiu à abordagem dos policiais.
Sua mãe conta, em uma entrevista ao SPTV, da Rede Globo:
"Ele acordava todo dia às 4h30 para ir trabalhar. Voltava, tirava uma sonequinha e ia para a escola", lamentou. "Ele ainda perguntou: 'Senhor, por que o senhor atirou em mim?' Nem ele sabe por que tomou um tiro", disse. "Eles [policiais] não sabem a dor que estou sentindo", desabafou.
A morte do "neguinho da favela" é muito diferente do riquinho dos Jardins - que, para começar, nunca morrerá por este meio, e jamais sentirá a dor destes pequenos.
Ao contrário: você sabe com quem está falando?

É a diferença entre o "Estudante preso com droga" e o "Traficante preso com droga" das manchetes dos jornais. E não, não era o caso de Douglas, um menino batalhador.

O dedo dos algozes é rápido quando segura uma arma contra um pequeno.
O pequeno poder é o mais covarde de todos!

EdiVal
08/12/2016

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Brasil em Singularidade Moral Distorcendo seu Espaço e Tempo

Brasil segue a linha do tempo
mergulhado desde a origem na trajetória do caos.

Foram as condições do primeiro momento
que construíram este sistema degenerado?

A força do saber com fundamento
repousam na inércia de um povo fissionado.

Só se vê honestidade na singularidade
e nada nos pontos da civilidade!

Pleno vertedouro de injustiça em curso,
grande sumidouro de vergonha e recursos,

Riquezas subtraídas por um vórtex distal,
mas uma reação em cadeia para o ínfimo vislumbre de justiça social...

Assim, alimenta-se o buraco negro da insanidade,
Num espaço vazio de humanidade.

Adotamos, inertes, o coeficiente negativo da reta graficada
e o ponto de menor eficiência aplicada.

Relatividade da justiça na zona de pobre energia
E um pequeno quantum de democracia!

Aplicando suas condições de fronteira,
eles nos dão o ônus da prova finalizada!

Educação para quê?
Big-bang de você!

Se eles subtraem a população brasileira!
Vamos dividi-los pelo infinitocracia?

Fazer o que querem... uma ova!
Supernova! 
EdiVal
05/12/2016

sábado, 3 de dezembro de 2016

O que Podemos Aprender com a Tragédia da Chapecoense?

Podemos aprender, com a terrível tragédia que levou um time inteiro, que a ganância das empresas e seus dirigentes leva, cedo ou tarde, a acidentes e que não há espaço para tal.

Que todo cuidado é pouco e, assim, todos os protocolos de segurança devem ser respeitados, sem que se fique buscando brechas para burlá-las, pois envolve vidas!

Que quando se verifica uma possibilidade de algo dar errado na aviação, é melhor pensar que vai dar e agir!

Que não adianta procurar culpados para linchamentos, mas sim os pontos falhos para que aprendamos com os erros que levaram ao acidente e, assim, se possa mudar o modus operandi e salvar vidas futuras.

Que não se leva vantagens tentando ganhar pontos ou dinheiro com a dor dos outros.

Que é muito melhor um clima de harmonia, de perdão, de homenagem e de legado, pois aí algo de bom se tira do luto, tal qual as famílias que doam os órgãos de seu filho morto e sentem que teve nesta morte algum significado; assim, de certa forma, o ente querido ainda vive neste mundo, nas vidas que ajudou a salvar com seus órgãos e, neste caso, no legado que deixou para o futebol, para o Brasil e para a aviação.

Vimos como um País vizinho pode ser solidário, como um mundo em que prevaleça a comunhão e paz entre os povos pode ser belo e inspirador!

Vimos, enfim, como o povo brasileiro é forte, como existem tesouros que só aparecem nas situações críticas, expressos em atos de grande nobreza.

Enfim, que a grandeza está, sempre, no amor, na solidariedade e no perdão.


E, agora também por suas ações neste episódio, Fora Temer!

EdiVal
03/12/2016