quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Carta Aberta ao Público – O Desabafo de Um Professor Universitário

Li alguns comentários em rede social sobre o posicionamento de um acadêmico sobre a questão da greve dos professores e, apesar de não o conhecer, como professora tenho responsabilidades sociais e me sinto no dever de partilhar algumas informações com todos!

Primeiro, gostaria de deixar claro que escrevo na condição de ser BRASILEIRA e, como todos, querer um país melhor, além de ser professora universitária (adjunto C). Dentro deste contexto, quero esclarecer que não sou contra ou a favor deste ou daquele partido político. Neste momento, nós, sociedade brasileira, temos que ter seriedade e imparcialidade para julgar adequadamente e, assim escrever nossa história (salienta-se que quanto mais próximo da realidade estiver nossa consciência, melhor o NOSSO resultado)!


Bem, assim gostaria de esclarecer que no Brasil as universidades devem funcionar baseadas no tripé: Ensino, Pesquisa e Extensão! Aliás, estes três eixos devem se desenvolver equitativamente e há mecanismos de cobranças entre os pares para o exercício destas funções. As instituições voltadas, especificamente a pesquisa são bastante reduzidas, o que nos coloca em desvantagem em relação à outros países do Mundo, pois é fato consumado que o desenvolvimento econômico está diretamente relacionado com o desenvolvimento tecnológico de um país. Como um exemplo cito o caso do ítrio, um elemento químico importantíssimo para a construção de diversos equipamentos de ponta; porém, apesar do Brasil tê-lo em abundância, ainda não sabemos como isolá-lo de outros elementos químicos com alto grau de pureza, como aliás, sabemos fazer com o urânio radioativo. Na verdade eu poderia escrever um jornal sobre questões que atrasam o desenvolvimento do nosso país... mas isto não é o caso aqui.
O fato é que as universidades fazem e devem fazer pesquisas e projetos de extensão para a melhoria da qualidade da população. A função de um professor vai muito além de dar aulas!!!!!!! Se um professor der 08 aulas semanais (carga horária mínima) sua carga horária deve ser completada em outras atividades que fortaleçam o tripé.

O problema da UNESPAR campus de Paranavaí é seu perfil de faculdade que ainda nos persegue!!!! Reconheço que para acadêmicos que nunca tiveram oportunidade de vivenciar experiências com uma comunidade universitária de fato, fica difícil ou até impossível, perceber as diferenças reais entre uma coisa e outra! Postar no face que professor ganha muito (8, 9 ou 10 mil) para dar aulas uma vez por semana, realmente é mostrar sua incapacidade de análise frente as questões que permeiam uma UNIVERSIDADE.
Ah! Aliás, nas grandes universidades dar aulas não é o único item
significativo!!!!!! Os professores também estão muito interessados em fazer projetos e levantar dinheiro junto aos órgãos de fomento para financiar suas pesquisas.... Só alguns exemplos: vejam o caso da descoberta do efeito magnetocalórico, do DNA da doença da laranja, entre tantos outros (http://www.unicamp.br/unicamp/noticias/confira-novas-descobertas-da-unicamp-patenteadas-pelo-inpi).


Porém, este contraponto não finda o show de horrores que eu tive o desprazer de ler!!!! Caros amigos, é uma regra básica do direito de qualquer cidadão mundo afora: trabalhou – recebeu!!!
E, para findar (longe de esgotar minha indignação) gastos com a educação não são gastos!!!!!! Educação é investimento!!!!!!!

A globalização nos permite "espiar" outros países e aprender exemplos positivos... vejam o Japão, poucos alunos em sala, professores bem pagos e valorizados na sociedade, escolas bem equipadas, entre outros investimentos ou gastos, como queira os menos avisados...

Se não tomarmos cuidado e não fazermos nossa parte – profundas reflexões... vamos pagar caro no futuro!

A luta é pela EDUCAÇÃO PÚBLICA E GRATUITA!!!! É isso que estamos pedindo!!!

Apenas isso.

Shalimar Calegari Zanatta
Unespar, 25/02/2014

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